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Privataria: Protógenes já tem mais de 130 assinaturas para pedido de CPI

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O deputado Protógenes Queiroz (PCdoB-RJ) pretende apresentar nesta quinta-feira à Mesa Diretora da Câmara o pedido de criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar o suposto esquema de lavagem de dinheiro durante o governo FHC apontado pelo livro Privataria Tucana, do jornalista mineiro Amaury Ribeiro Júnior. Protógenes, que iniciou, na terça-feira (13), a coleta de assinaturas, tinha, até às 20h45 desta quarta-feira, a adesão de 140 deputados. Para que a CPI seja criada, são necessárias pelo menos 175 assinaturas.

O deputado disse que se surpreendeu com colegas ligando para seu gabinete para assinar o documento:

"Geralmente, quando se começa a colher assinaturas para uma CPI, há muito debate, muita briga, o que não está ocorrendo. Deputados tucanos e de outros partidos da oposição assinaram o pedido". 

Protógenes citou, entre os apoiadores do pedido de criação da CPI, os deputados Nelson Marchezan Júnior (PSDB-RS), Antônio Imbassahy (PSDB-BA), Fernando Francischini (PSDB-PR) e  Onyx Lorenzoni (DEM-RS).

É a primeira vez que um livro provoca esse tipo de reação na Câmara dos Deputados. Com 343 páginas, o livro, que chegou às bancas no dia 9 deste mês, apresenta documentos de fontes públicas como a CPMI do Banestado, que foi arquivada em 2004. "Não é uma nova CPI do Banestado. O nosso foco é bem específico. Queremos investigar se as informações contidas no livro são mesmo verdadeiras", disse Protógenes.

O requerimento pede investigação em profundidade das denúncias contidas no livro, que vão de irregularidades no processo de privatização de estatais na década de 1990 até casos de lavagem de dinheiro que envolveriam políticos e pessoas ligadas ao PSDB. Entre os citados na publicação estão pessoas ligadas ao ex-governador de São Paulo José Serra, como sua filha, Verônica Serra, o genro, Alexandre Bourgeois, e um sócio e marido de uma prima, Gregório Marín Preciado.

O livro aponta ainda o ex-diretor da Área Internacional do Banco do Brasil Ricardo Sérgio de Oliveira como operador de um esquema de lavagem de dinheiro envolvendo empresas offshore em paraísos fiscais e doleiros, com o objetivo de esconder os recursos desviados da privatização.

"O livro é um lixo", disse ontem (13) o ex-governador José Serra, em entrevista à TV Brasil. Recém-escolhido líder do PSDB na Câmara, o deputado Bruno Araújo (PSDB-PE) disse que o partido "não perde nem uma noite de sono" com as denúncias contidas no livro. Para ele, é estranho que as denúncias venham à tona no momento em que se questionam as escolhas feitas pela presidenta Dilma Rousseff para os ministérios.

"Estranho isso vir à tona neste momento, 15 anos depois, sem nenhum questionamento feito por nenhum órgão de controle, sem que nenhuma dúvida fosse levantada pelo Tribunal de Contas de União, por exemplo, sobre o processo de privatização da década de 1990. É estranho que isso apareça em um momento em que se questiona a formação do ministério do governo do PT. Não podemos esquecer que a caneta que demite é a mesma que nomeou", enfatizou o líder.

Bruno Araújo defendeu o ex-governador, a quem considera um exemplo de espírito público. "[José Serra] é uma referência moral e ética dentro do nosso partido. É também estranho que essas denúncias ocorram justamente no momento em que ele está sem mandato."

O líder tucano disse que ainda não teve tempo de conversar com a bancada do PSDB sobre o que o partido fará em relação à CPI, nem informou se haverá punição para os integrantes do partido que assinaram o pedido de criação da comissão parlamentar. "Ainda não tratei desse assunto com a bancada, mas acho que devemos conduzir isso de forma conjunta."

Com Agência Brasil