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ABGLT chama de falso moralismo reação a sexo oral em parada gay

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Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (ABGLT) chamou de "falso moralismo" a reação surgida após a divulgação na internet da foto de um cabeleireiro de 54 anos, simulando sexo oral em um pênis de borracha, durante a VII Parada do Orgulho de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais do Acre, no último dia 20. 

Em nota, a entidade disse "estranhar tamanho alvoroço quando atos dessa mesma natureza, com o uso ostensivo de objetos (seios, bumbuns e órgãos sexuais artificiais, bonecas infláveis, por exemplo), tão disseminados no carnaval, micaretas e outras festas do gênero".

- Não que as paradas sejam um carnaval, mas a comparação é para mostrar que é impossível a organização controlar tudo em atos públicos de massa - alegou.

A nota rechaça o que classificou de "sanha moralista na Assembleia Legislativa" e destacou que o episódio foi um "caso isolado", frisando ainda que os organizadores da parada não tiveram responsabilidade sobre o que aconteceu, portanto, não seria justificável a suspensão da verba pública que financia o evento, conforme pediram os parlamentares.

- O moralismo exacerbado quer rotular o movimento LGBT como "promíscuo, imoral, ofensivo" e, com isso, acabar com a própria parada, embora a livre expressão seja um direito garantido não só na Constituição, mas também nos tratados internacionais de Direitos Humanos. A questão é que o monóculo da homofobia só enxerga as coisas pelo seu ângulo preconceituoso, discriminatório e estigmatizante - afirmou.

Confira a nota Oficial da ABGLT:

A ABGLT - Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais - é uma entidade nacional que congrega 257 organizações congêneres de todo o Brasil, tendo como objetivo promover e defender os direitos humanos destes segmentos da sociedade. A ABGLT também é atuante internacionalmente e tem status consultivo junto ao Conselho Econômico e Social da Organização das Nações Unidas.

No dia 20 de novembro, ocorreu a VII Parada do Orgulho de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais do Acre.

Um fato, porém, chamou a atenção da mídia. Certo blogueiro fotografou a simulação de sexo oral feita por uma dupla de homens. A foto se espalhou pela internet (sites, blogues, redes sociais) e começou a saraivada de críticas do falso moralismo.

As paradas LGBT são acontecimentos anuais, no Brasil e em vários países, que têm por objetivo a manifestação pacífica para dar visibilidade às reivindicações de políticas públicas para a população LGBT e a maior tônica é o pedido de respeito à diversidade humana.

Entretanto, esse episódio vem desvelar alguns pontos do moralismo que se ofende com certas coisas, mas faz vista grossa para outras:

É de se estranhar tamanho alvoroço quando atos dessa mesma natureza, com o uso ostensivo de objetos (seios, bumbuns e órgãos sexuais artificiais, bonecas infláveis, por exemplo), tão disseminados no carnaval, micaretas e outras festas do gênero. Não que as paradas sejam um carnaval, mas a comparação é para mostrar que é impossível a organização controlar tudo em atos públicos de massa.

Em geral, a cobertura da mídia mostra apenas o lado carnavalizado das paradas, mas, como também foi o caso do Acre, não se noticiam as "falas políticas que direcionavam o evento, a campanha de prevenção de HIV feita, as ONGs que estavam com bandeiras, palavras de ordem e toda uma proposta política de reconhecimento das diferenças e a necessidade de políticas públicas", como esclareceu Carlos Gomes, suplente da Diretoria Executiva da ABGLT em artigo de sua autoria, além do próprio tema da parada ser amplamente ignorado no debate: "Pela Vida: Diga não à Discriminação, à Violência e às Drogas".

O que mais chama atenção é a sanha moralista na Assembleia Legislativa, onde deputados usaram a tribuna para pedirem corte nas verbas públicas que financiam o evento, responsabilizando a organização da parada pelo episódio isolado no qual não teve qualquer participação.

É de se ressaltar que a Assembleia Legislativa acreana, infelizmente, tem se curvado ao fundamentalismo quando, por exemplo, no dia 17 de novembro deste ano suprimiu o termo LGBT de projeto de lei de autoria do Palácio Rio Branco que estimula, por meio de premiação, organizações sociais que garantam a melhoria da qualidade de vida de grupos sociais marginalizados, mesmo sendo propostos termos alternativos (homofobia, diversidade sexual).

O moralismo exacerbado quer rotular o movimento LGBT como "promíscuo, imoral, ofensivo" e, com isso, acabar com a própria parada, embora a livre expressão seja um direito garantido não só na Constituição, mas também nos tratados internacionais de Direitos Humanos. A questão é que o monóculo da homofobia só enxerga as coisas pelo seu ângulo preconceituoso, discriminatório e estigmatizante.

O governo não pode se deixar levar por essa onda de moralismo hipócrita e suspender o apoio ao evento, do contrário manchará a história do Acre como sendo o único estado em todo o Brasil a não financiar a parada LGBT. Pelo contrário, deve financiá-la e promovê-la como evento de cidadania no calendário oficial do estado, a exemplo de outros estados como Rio de Janeiro e São Paulo.