ASSINE
search button

Arquivos do Dops revelam que até Pelé foi espionado na ditadura

Compartilhar

Nem Pelé escapou da vigilância da polícia política durante a ditadura. Os arquivos do extinto Departamento de Ordem Política e Social (Dops) descobertos por acaso em Santos (SP), em março do ano passado, revelam que o melhor jogador da época foi vigiado por causa de um fato ocorrido em  21 de outubro de 1970. 

Nessa data, Edson Arantes do Nascimento recebeu uma homenagem da própria polícia de Santos, na qual foi cumprimentado por um servidor público e recebeu uma cópia de manifesto a favor de indulto para presos políticos - anistia que só viria cerca de nove anos depois. 

Embora o ato fosse alheio à vontade de Pelé, a polícia achou mais seguro abrir uma pasta com seu nome. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

As 45 mil fichas e 11.666 prontuários que fazem parte do acervo, que apodrecia em uma sala do Palácio de Polícia, foram transferidas para o Arquivo Público do Estado e agora, após higienizadas, recuperadas e organizadas, serão colocadas à disposição de pesquisadores e pessoas interessadas. 

Além do nome de investigados, os documentos revelam que agentes policiais ligados à repressão não aceitaram a abertura política e a anistia ocorridas nos anos 80 e, à revelia da lei, continuaram espionando pessoas que consideravam de esquerda. Embora o Dops tenha sido extinto em 1983, existem fichas e prontuários no arquivo que datam de 1986 e suspeita-se que tenham prosseguido até 1988. 

Não se trata, porém, de um arquivo íntegro. De acordo com o historiador Carlos Bacellar, coordenador do Arquivo Público, tudo indica que, em algum momento, ele passou por uma "limpeza". Já se constatou a ausência de 160 prontuários. Eles estão mencionados no fichário, mas não foram encontrados - caso, por exemplo, do governador Mário Covas.