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Deputada federal nega receber verbas desviadas do Turismo

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Após ter seu nome envolvido em um suposto esquema de desvio de recursos do Ministério do Turismo, a deputada federal Fátima Pelaes (PMDB-AP) disse nesta sexta-feira (12),  por meio de nota, que o seu sigilo bancário, fiscal e telefônico estão à disposição da sociedade. 

Ela foi citada por ao menos três dos 36 presos pela Operação Voucher, da Polícia Federal, como beneficiária do desvio de recursos públicos destinados à ações de qualificação profissional no Amapá.

A parlamentar nega envolvimento nas supostas fraudes. Ela é a autora da emenda parlamentar que destinou os R$ 4 milhões com que o ministério firmou o convênio com o Instituto Brasileiro de Desenvolvimento de Infraestrutura Sustentável (Ibrasi) investigado pela Polícia Federal e que motivou a operação, a deputada Fátima Pelaes nega o envolvimento.

Um dos presos que envolveu Fátima no escândalo ao prestar depoimento à Polícia Federal, em Brasília, foi Errolflyn de Souza Paixão, dirigente estadual da Central Única dos Trabalhadores (CUT) e vice-presidente do PT no Amapá. Paixão é um dos fundadores da Cooperativa de Negócios e Consultoria Turística (Conectur), empresa que, segundo as investigações preliminares, foi contratada pelo Ibrasi por R$ 250 mil para elaborar um diagnóstico dos profissionais de turismo no Estado, serviço que não teria sido executado, apesar do pagamento antecipado.

Mesmo garantindo estar afastado da Conectur desde 2006, por desentendimentos com Wladimir Furtado, ex-prefeito de Ferreira Gomes (AP) e sócio-fundador da cooperativa, Paixão declarou que Furtado teria lhe contado que a deputada estava prestes a apresentar a emenda parlamentar destinando recursos para a execução do convênio do Ministério do Turismo com o Ibrasi. A cópia do depoimento, a qual a Agência Brasil teve acesso, não esclarece a data em que o diálogo ocorreu, mas, segundo o depoente, na ocasião, Furtado falou em recursos públicos da ordem de R$ 2 milhões.

Paixão disse ainda ter estranhado o valor, considerado alto, já que, para ele, a cooperativa não tinha estrutura para assumir contratos de tal montante. Furtado, então, disse-lhe que parte do dinheiro seria devolvido à deputada. O vice-presidente do PT declarou desconhecer a razão pela qual Fátima Pelaes indicou o Ibrasi para a execução do convênio com o ministério, mas sugeriu que a indicação da Conectur deve-se ao fato de a deputada e Furtado serem próximos.

Na nota, a deputada garante que Furtado não faz parte de seu grupo político. "Prova disso é sua esposa, Ley Furtado, que foi candidata a deputada federal pelo PTC nas últimas eleições", afirmou a parlamentar, repudiando as acusações de outros dirigentes da Conectur ouvidos pela PF, e classificando como levianas as declarações de Paixão.

"Se é verdade que Wladimir lhe disse mesmo isso, porque Errolflyn (Paixão) não denunciou na época?. Se alguém fica sabendo de algo tão grave assim e não faz nada, no mínimo é conivente", disse Fátima Pelaes. "Meu sigilo bancário, fiscal e telefônico estão à disposição", completou a deputada.

Apenas dois dos 36 seguem presos

Na terça-feira, policiais federais cumpriram 18 mandados de prisão preventiva e 18 de prisão temporária de suspeitos de envolvimento no esquema. Na quarta-feira, todos os presos temporários foram liberados após depoimentos.

Nesta sexta, o Tribunal Regional Federal da 1ª Região em Brasília (TRF1) concedeu habeas-corpus para 16 dos 18 presos preventivos, entre eles o secretário-executivo do Ministério do Turismo, Frederico Silva da Costa, e o secretário nacional de Programas de Desenvolvimento do Turismo, Colbert Martins da Silva Filho. A defesa de dois deles não solicitou liberdade e eles continuarão presos.