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Sem-teto ocupam terreno da Eletronorte e são retirados à bala pela polícia

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Cerca de 150 famílias provenientes de bairros que serão alagados pela construção da Usina de Belo Monte foram despejadas violentamente nesta quarta-feira de um terreno ocupado no inicio da semana em Altamira. Sem mandado de reintegração de posse, as polícias Civil e Militar usaram balas de borracha e bombas de gás para despejar os ocupantes. Quarenta pessoas foram detidas e levadas à delegacia - entre elas, três menores de idade.

Segundo a Polícia Civil, a área urbana ocupada pertence à Centrais Elétricas do Norte do Brasil S/A (Eletronorte), na parte alta da cidade de Altamira, no Pará

 A ação policial foi violenta, de acordo com os sem-teto. "Eles chegaram com tudo, apontando arma na nossa cara", diz um dos despejados. "Aproveitaram a hora do almoço e o fato de não ter nenhum canal de televisão aqui naquela hora". 

 "Se este terreno é da Eletronorte, por que a empresa não vem aqui dizer onde é que a gente vai ficar?", questionou uma moradora da Invasão dos Padres, bairro que será atingido por alagamento. "A empresa vai botar o povo debaixo d'água. Se ela tem coragem de mandar expulsar a gente, como não tem coragem de enfrentar o povo, de dizer que a gente vai ficar no fundo? Igual em Tucuruí. Minha casa está até hoje no fundo lá e eu nunca recebi um real", gritava para a imprensa uma das sem-teto ocupantes. Sua mãe fora detida pela polícia.

 Histórico

O despejo é o segundo realizado pela polícia naquela área. No dia anterior, cerca de 120 famílias foram retiradas e três pessoas foram detidas - entre elas, o jornalista do Movimento Xingu Vivo para Sempre, acusado de esbulho possessório. Segundo testemunhas, a PM usou spray de pimenta.

 Segundo a coordenadora do Movimento Xingu Vivo Para Sempre, Antonia Melo, a cidade tem sofrido com o crescimento de ocupações urbanas e de populações sem teto desde que as licenças foram dadas. "A coisa havia piorado muito na cidade com a licença do canteiro de obras. Agora, com a licença de instalação de Belo Monte, a situação está beirando a calamidade pública", argumenta.