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Voo 447: encontrada cauda do avião onde ficam as caixas-pretas

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RIO - O presidente da Associação das Famílias e Vítimas do Voo 447 da Air France, Nelson Faria Marinho, confirmou que as autoridades francesas localizaram a cauda do Airbus A330 que fazia o trajeto Rio-Paris e desapareceu dos radares em 31 de maio de 2009 com 228 pessoas a bordo. É nessa parte do aparelho em que ficam as caixas-pretas. Segundo ele, foram encontrados também vários corpos em bom estado de conservação, ainda amarrados nas poltronas pelos cintos de segurança.

Em entrevista ao JB, Nelson disse que dentro de três semanas os corpos e destroços onde podem estar as caixas-pretas serão retirados da água, com o auxílio de um navio americano especialmente equipado para este tipo de resgate.

Marinho participou de uma reunião com diretores da Air France, autoridades do governo francês, da BEA (sigla que em francês significa o Escritório de Investigação e Análises) e outros familiares dos passageiros, na noite de segunda-feira, em Paris.   

Assim que as caixas-pretas, se localizadas, forem retiradas, começa uma nova batalha entre familiares, a Air France e o governo francês: o local onde as caixas-pretas serão analisadas.

Nelson defende que elas sejam levadas para os Estados Unidos, por ser um território neutro, mas enfrenta forte resistência do governo francês e da própria companhia estatal.

No último dia 3, corpos de passageiros que estavam no avião foram encontrados dentro de fuselagem achada no oceano Atlântico. Segundo Marinho, a operação para retirar os corpos e os destroços encontrados no mar se estenderá até junho.

Famílias querem que EUA analisem caixas-pretas

Nelson Marinho quer que as caixas-pretas do Airbus A330 sejam periciadas pelo órgão técnico dos Estados Unidos. Embora as caixas-pretas ainda não tenham sido identificadas, Marinho descarta a possibilidade de elas não saírem do mar junto com os destroços já identificados. "As buscas já localizaram a cauda da aeronave e é lá que as caixas-pretas ficam na maioria dos aviões", argumenta o presidente da associação das famílias brasileiras.

Com a análise do conteúdo das caixas-pretas, de acordo com as opiniões técnicas que Nelson Marinho coletou antes de viajar a Paris, será possível obter o registro do que aconteceu nos últimos momentos do voo que fazia a rota Rio-Paris, momentos depois de ultrapassar a linha do Equador, onde a aeronave caiu.

Nelson Faria Marinho acredita que os dados apenas confirmarão as evidências que as associações de familiares já conseguiram obter através de entrevistas a pilotos franceses e coletando depoimentos de técnicos em aviação. "As caixas-pretas vão comprovar que a Air France não dava manutenção adequada e que havia defeito na bússola e em outros equipamentos da aeronave", garante.

A convicção de que conhece o resultado final da perícia é tanta que Nelson Faria Marinho levanta suspeitas para a possibilidade das investigações francesas apontarem dados conflitantes. "A Air France é uma companhia na qual o governo francês tem participação", diz. Ele afirma que o risco de se obter um dado diferente das evidências já levantadas reforça a necessidade da análise do conteúdo das caixas-pretas por americanos. "Os Estados Unidos são um país neutro nesse caso e eles têm capacidade técnica para o serviço", afirma.

Marinho e os representantes de associações de familiares de outras três nacionalidades tiveram uma reunião com o secretário de Estado do governo da França, Thierry Mariani, na manhã de segunda-feira. No encontro, também foi solicitado que os restos mortais de passageiros e tripulantes encontrados junto aos destroços fossem levados para o Recife (PE).

O presidente da associação brasileira acredita que os corpos já passaram por desgastes demais ao permanecer por quase dois anos a 3,9 mil m de profundidade no meio do mar e considera o traslado a Paris uma agressão a mais. "Isso é desnecessário. A identificação pode ser feita no Recife, como ocorreu no primeiro momento", pediu. Ele foi informado, pela diplomacia francesa, que os corpos retirados seriam imediatamente levados para perícia de identificação.

As primeiras buscas realizadas logo depois do acidente, em junho de 2005, encontraram 50 corpos entre os 228 passageiros e tripulantes que estavam a bordo do voo 447 da Air France. A identificação de cada pessoa foi feita no Instituto de Medicina Legal (IML) do Recife.

Com Portal Terra