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Preta Gil sobre Bolsonaro: "Fui injustamente agredida"

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Durante lançamento oficial da 15ª Parada Gay de São Paulo, na noite de quarta-feira, a cantora Preta Gil comentou a polêmica envolvendo o deputado federal Jair Bolsonaro (PP-RJ) e afirmou que foi injustamente agredida pelo parlamentar.

"Passei nos últimos dias por um terror. Fui injustamente agredida por um político que não só me agrediu, mas a todos que são negros, gays ou que são os dois. Eu, no meu caso, sou uma mulher negra, gay e feliz", afirmou a cantora.

A polêmica teve início na noite de segunda-feira, quando o programa CQC, da Rede Bandeirantes, exibiu o quadro "O Povo Quer Saber", no qual o convidado responde a perguntas enviadas pelo público ou personalidades. Preta Gil perguntou a Bolsonaro qual seria a sua reação se seu filho se apaixonasse por uma negra.

"Preta, não vou discutir promiscuidade com quem quer que seja. Eu não corro esse risco e meus filhos foram muito bem educados. E não viveram em ambiente como lamentavelmente é o teu.", respondeu o parlamentar. No mesmo quadro, ele já havia atacado os gays, criticado o sistema de cotas para negros e condenado o fato de Dilma Rousseff ter sido eleita, por causa de "seu passado". 

Veja o vídeo com as declarações de Bolsonaro ao CQC:

Mais tarde, Bolsonaro chegou a afirmar que havia entendido errado a pergunta de Preta Gil, pensando que ela se referia a relações com gays, e não com negros.

Diversas instituições reagem às declarações de Jair Bolsonaro

Crescem as reações da sociedade civil organizada contra as declarações “racista e homofóbicas” dadas pelo deputado federal Jair Bolsonaro (PP-RJ) para o programa humorístico de televisão CQC, na última segunda-feira.

Na quarta-feira, a Ordem dos Advogados do Brasil no Rio de Janeiro (OAB/RJ) ingressou com uma representação contra o deputado por quebra de decoro parlamentar. Na avaliação da OAB/RJ, as declarações do deputado “são inaceitavelmente ofensivas pois têm um cunho racista e homofóbico”, incompatível com as melhores tradições parlamentares brasileiras. “Por isso, vou oficiar o corregedor da Câmara dos Deputados para abertura imediata de processo por quebra de decoro parlamentar contra o referido deputado. O Congresso não merece ter em suas fileiras parlamentares que manifestam ódio a negros e gays", disse Wadih Damous, presidente regional da Ordem.

Também na quarta-feira, a Comissão de Combate à Intolerância Religiosa (CCIR) promoveu um ato de repúdio às declarações do deputado, durante reunião no Conselho Espírita do Estado do Rio de Janeiro (CEERJ). O interlocutor da comissão, Ivanir Santos, disse que é necessário abortar manifestações do tipo das proferidas pelo deputado imediatamente. “Ouvir, em pleno ano de 2011, falas como essas tornam necessário que se atente ainda mais para os perigos que a sociedade corre quando pensamentos fundamentalistas começam a nos rodear. A irresponsabilidade dessas declarações é muito grande”.

Já o presidente da Fundação Palmares, Eloi Ferreira de Araujo, reagiu com indignação às declarações do deputado federal Jair Bolsonaro. A entidade estuda, com o seu departamento jurídico, a adoção de medidas contra o ato de racismo.