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Battisti: “Sou perseguido pelo Judiciário brasileiro"

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O refugiado italiano Cesare Battisti, preso no Brasil e cujo pedido de extradição feito pela Itália foi negado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, disse, em entrevista concedida ao portal Brasil de Fato e publicada hoje, que se sente perseguido pelo governo de seu país e também pelo Judiciário brasileiro. “Fabricaram um monstro que não tem nada a ver comigo”, ressalta. Segundo Battisti, ele virou uma espécie de moeda de troca, e seu caso foi usado como arma política pela oposição ao então governo Lula, cuja decisão de mantê-lo no Brasil é considerada por ele como “corajosa”. “Agora, o objetivo principal da direita brasileira, nesse caso, é afetar o governo Dilma“, completa.

O escritor disse ainda que a Itália já não é mais seu país: “Quando abandonei a Itália eu ainda era muito jovem. Então, para mim essa coisa da pátria não cola”. Segundo Battisti, na Itália “governo e oposição são os mesmos dos anos de chumbo”. Ele cita o atual procurador geral de Milão, Armando Spataro, que, segundo Battisti, era torturador na época da ditadura: “Ele é o procurador que hoje me persegue. Ele é o procurador geral de Milão e ainda é o procurador europeu-italiano de terrorismo”.

Battisti diz também que, se ele ainda guarda algum tipo de patriotismo, este sentimento se volta ao Brasil, e admite que a declaração pode soar “um pouco oportunista”. “Cheguei aqui, não conhecia ninguém e se criou um movimento a meu favor”, lembra.

Battisti disse que, ao chegar ao Brasil, se refugiou em três favelas cariocas: Santa Marta, Pavão-Pavãozinho e Cantagalo, onde “sentava no boteco, tomava uma cervejinha e a dona do boteco tinha um filho preso. Ela era analfabeta e me pedia para ler as cartas do filho e também responder”.

Battisti afirma que recebeu apoio de alguns políticos brasileiros, “do PT ao PSDB”, logo que chegou ao país. Ele cita nomes como o de Fernando Gabeira, que “chegou com alguns deputados do PSDB”. Mas Gabeira, continua Battisti, “quando se deu conta de quem era eu, ou melhor, do que a mídia fez de mim, ele tomou distância”.

Sobre sua atuação nos anos de chumbo, Battisti afirma que o “estado nos empurrou para a luta armada porque só assim poderia derrotar o fortíssimo movimento cultural que havia”. Segundo ele, seu grupo caiu numa “armadilha”, e acabou por fazer “o jogo do poder”. “Eu não posso dizer que a luta armada não é viável no mundo inteiro, mas no mundo que eu conheço não é mais”, analisa.

Caso seja realmente libertado – a questão será decidida pelo STF - Battisti diz que pretende continuar trabalhando como escritor e “com coletividades”, mas insinua que ele pode vir a ser vítima de algum tipo de crime patrocinado pelo governo da Itália:

“Se acontecer algo comigo, Berlusconi terá de prestar contas”, conclui.

 

Com informações do Brasil de Fato