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TV Bandeirantes sob o risco de falir

Grupo, que deve apenas em uma subsidiária cerca de R$ 680 milhões, faz programas com objetivo de ameaçar empresários

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Um calote multimilionário da Rede Bandeirantes de Televisão é a origem dos ataques transmitidos desde segunda-feira passada pela emissora contra  organizações empresariais, envolvidas em negócios legais e legítimos.

 

Pertencente ao Grupo Bandeirantes, a TV Cidade comprou e não pagou uma rede de fibra ótica vendida pela Furukawa do Japão. Em consequência, foi executada judicialmente, há cerca de cinco anos.

 

Meses atrás, a imprensa paulista publicou o Edital de Leilão judicial da rede de fibra ótica adquirida, e não paga, pela TV Cidade. Em razão do calote, o fornecedor recorreu ao Judiciário. O Grupo Bandeirantes perdeu em todas as instâncias. Foi condenado a pagar honorários de sucumbência ao destacado escritório Tozzini Freire, representante da companhia japonesa. Também não pagou o valor referente à sucumbência.

 

Legitimamente, várias companhias, a exemplo da NET (de serviços de televisão a cabo), e do grupo liderado pelo empresário Nelson Tanure, interessaram-se em participar do leilão para adquirir a rede de fibra ótica.

 

Contra os preceitos de um jornalismo sério, a mando de João Carlos Saad, conhecido pela alcunha de Johnny, a Rede Bandeirantes de Televisão assume um noticiário inescrupuloso, utilizado para ameaçar e chantagear interessados no negócio que Saad não soube conduzir. Ofende, assim, a credibilidade de reconhecidos jornalistas da emissora como Boris Casoy e Ricardo Boechat.

 

A direção do grupo de comunicações, ao invés de tentar encontrar um meio para a quitação da inadimplência da TV Cidade, que certamente poderá arrastar a Rede Bandeirantes à falência, preferiu adotar um comportamento arrogante e desesperado, tentando, assim, ameaçar eventuais interessados em adquirir, legal e legitimamente, sua rede de fibra ótica. Ao estilo de praticante de jornalismo marrom, Johnny se propôs a dizer, por exemplo: “Vou passar o trator por cima”.  

 

As dívidas da TV Cidade, subsidiária da Rede Bandeirantes de Televisão, são estimadas em R$ 680 milhões.  As da TV Bandeirantes envolvem também centenas de milhões de reais. Quando for efetivado o leilão, a TV Cidade perderá seu único ativo – a rede de fibras óticas – e ficará sem condições de fazer frente às obrigações que tem perante seus credores, indo, portanto, à quebra.

 

Briga de família

As dificuldades de Johnny são antigas e vão além do ambiente empresarial. A disputa familiar que envolve os Saad é conhecida. Em 2002, a questão tornou-se pública quando as irmãs Marisa e Maria Leonor Saad publicaram em meios de comunicação um edital de ataque ao próprio irmão Johnny, como elas, neto do ex-governador de São Paulo Adhemar de Barros, famoso no mundo político brasileiro pelo slogan Rouba, mas faz. O Grupo Bandeirantes foi fundado pelo pai deles, João Jorge Saad.

 

As irmãs argumentavam que, a pretexto de sanear o passivo da emissora, Johnny abriu negociação com o Deutsche Bank, que se tornaria o agente exclusivo da Rede Bandeirantes para uma operação de oferta internacional de títulos.

 

Marisa e Maria Leonor sustentaram no documento que a operação representaria uma ilegalidade e que a legislação brasileira não estava sendo respeitada pelos negociadores. De acordo com as irmãs, outra instituição que estaria sendo assediada seria a Eurovest Global Securities Inc. para uma oferta de troca de notas promissórias da Rádio e TV Bandeirantes no valor de US$ 100 milhões. O processo tem o trâmite na 1ª Vara Cível do Foro Regional de Pinheiros, em São Paulo.

 

O litígio entre os cinco irmãos Saad resultou na demissão, em fevereiro de 2001, do então diretor-executivo da TV Bandeirantes, Antônio Athayde. À época, tornou-se público que Athayde caíra por ter entrado em rota de colisão com Johnny, supostamente incomodado com a aproximação do principal dirigente do jornalismo da emissora com o irmão Ricardo, já seu desafeto.

 

Indignação com a Band

Os procedimentos jornalístico e empresarial do Grupo Bandeirantes – considerados ofensivos no meio jornalístico – são contestados por ex-funcionários e diferentes personalidades da vida brasileira.

 

No ano passado, o governador do Paraná, Roberto Requião, disse em entrevistas que a emissora agiu com “canalhice” e “pilantragem” em relação a iniciativas de seu governo na área de transportes.

 

O ex-deputado federal Clodovil Hernandez, falecido há dois anos, foi até mais explícito do que o governador paranaense, ao referir-se a João Carlos Saad. Trata-se de “um ladrão”, disse ele em entrevista ao Programa Amaury Jr transmitido em 14 de setembro de 2005.

 

 O jornalista Joelmir Beting, que leu o difamante, calunioso e injuriante editorial, e o publicou no jornal gratuito Metro, foi procurado via e-mail, mas não respondeu às perguntas do Jornal do Brasil.

 

O Jornal do Brasil, que considera condenável a prática de Johnny Saad, trará amanhã nova reportagem sobre o tema, revelando o grave cenário de dificuldades empresariais da Rede Bandeirantes de Televisão e de seus acionistas. Este texto está disponibilizado para milhares de veículos de comunicação do país.

 

 

Editorial

Jornalismo de chantagem mostra desespero da Band

A Rede Bandeirantes de Televisão presta um desserviço ao jornalismo brasileiro – e, em consequência, à sociedade e à democracia do país – ao atacar empresários  de forma chantagiosa, irresponsável, inescrupulosa e mentirosa, unicamente para atender aos escusos interesses comerciais dos meios de comunicação dirigidos por João Carlos Saad, conhecido pela alcunha de Johnny.


O texto lido anteontem em noticiário televisivo da emissora por Joelmir Beting, dublé de apresentador, porta-voz e propagandista de empreendimentos bancários, representa uma ofensa gravíssima, uma tentativa virulenta e descabida de macular a honra de concorrentes que norteiam suas atividades pela legislação brasileira e, como não poderia deixar de ser, pela Constituição Federal.


Famoso por seus comentários econômicos superficiais e risíveis, Beting foi demitido na TV Globo ao tentar acumular, contra a ética da categoria,  as funções de jornalista e de garoto propaganda. Hoje, é um servil auxiliar de Johnny para produzir textos travestidos de editorial de uso espúrio do seu patrão.


 A irresponsabilidade da Rede Bandeirantes, a mando de Saad, ainda é muito maior pela repetição de conteúdo mentiroso em diferentes programas de TV aberta, na TV a cabo, e num miserável jornal gratuito distribuído às portas do metrô.


Como revela o Jornal do Brasil nesta edição, a Rede Bandeirantes de Televisão, sob o comando de João Carlos Saad, sofre o risco de falência, no rastro da inadimplência da TV Cidade, que tem no mercado dívida estimada em R$ 680 milhões para governos federal e dos estados onde atua, para fornecedores e para credores trabalhistas. Não vai resolver seus problemas com calúnias, injúrias e difamação, que serão levadas às barras da Justiça.