Carolina Monteiro, Jornal do Brasil
RIO DE JANEIRO - Enquanto em Brasília a lei que obriga as empresas de metrô e trem a destinarem um vagão exclusivamente para as mulheres foi rejeitada, no Rio a prática já foi assimilada pelos passageiros e agentes de segurança. Os vagões destinados exclusivamente para o público feminino operam no metrô e nos trens do Rio desde 24 de abril de 2006, quando a lei 4.733 do mesmo ano passou a vigorar.
Apesar de no início nem todos os homens respeitarem a restrição, passados quatro anos a mudança já foi incorporada aos costumes cariocas: o penúltimo vagão do metrô é das mulheres nos horários de pico. Mas ainda existem alguns problemas na aplicação da lei. O maior deles, de acordo com a concessionária Metro Rio, responsável pela operação do metrô da cidade, é a falta de uma punição prevista em lei para quem desobedecer a regra. Por isto, os agentes de segurança do metrô podem apenas orientar os passageiros de que o vagão é destinado exclusivamente para as mulheres.
Nós não podemos usar força, apenas orientamos os homens de que é um vagão feminino. E eles respeitam quase sempre afirma o agente líder de segurança do metrô, André Silva Gomes. De acordo com a concessionária, poucos episódios de desrespeito à lei são registrados atualmente. Entretanto, alguns homens conseguem entrar nos vagões sem que os agentes de segurança percebam. Mas não adianta, as mulheres dentro do carro não deixam passar e avisam.
A maior parte das mulheres que viaja frequentemente de metrô aprova e elogia os vagões exclusivos, que circulam das 6h às 9h e das 17h às 20h.
Eu pego sempre o vagão das mulheres para vir ao trabalho e voltar para casa depois. É menos incômodo, principalmente quando fica muito cheio diz a comerciante Adriana Gomes, que trabalho no Centro da cidade.
A auxiliar administrativa Marcele Vieira concorda.
Eu prefiro, tem certas situações que é melhor só ter mulher, para evitar constrangimentos conta.
Além de evitar constrangimentos e assédio, o vagão feminino é mais confortável, segundo as passageiras.
Eu sempre pego, pois é mais confortável. Principalmente para quem viaja sozinha explica a produtora de eventos Rosa Farias, que usa o metrô diariamente para ir de casa ao trabalho.
Mas não são todas as mulheres que fazem questão de viajar no vagão destinado exclusivamente a elas. A pressa e o grande fluxo de pessoas é o motivo.
Eu pego qualquer um. O que estiver mais vazio conta a funcionária pública Valquíria Gonçalves, que também usa este meio de transporte diariamente para ir ao trabalho.
Apesar de serem poucas, algumas mulheres chegam a preferir o vagão tradicional.
As mulheres são muito implicantes, só vivem brigando argumenta a estagiária de direito Simone Quinelato.