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PMDB deve seguir na presidência caso Calheiros saia

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Portal Terra

BRASÍLIA - A presidência do Senado deverá continuar com o PMDB caso os parlamentares decidam, na quarta-feira, pela cassação de Renan Calheiros (PMDB-AL). Oficialmente, o partido ainda não divulga os nomes cogitados para o cargo, mas diversos senadores já são cotados nos bastidores políticos da Casa.

A aspiração peemedebista, no entanto, pode ser barrada se a sigla insistir em nomes que a oposição já veta preliminarmente.

A oposição também prefere não se manifestar oficialmente sobre o tema da sucessão. O líder do Democratas, senador José Agripino Maia (RN), já admitiu nesta terça-feira que o nome de um possível sucessor de Calheiros deve sair do PMDB, partido com a maior bancada no Senado.

- Não há uma decisão tomada com relação a um nome, mas o normal é que o PMDB indique por ter a maior bancada. O nome tem que sair em um comum acordo entre os líderes - afirmou.

Agripino também descartou qualquer possibilidade de voltar a se candidatar ao cargo. No início desse ano, ele concorreu contra Calheiros pela oposição e perdeu.

- Não me candidato. A minha contribuição à instituição já foi dada há seis meses, quando perdi a disputa - completou.

Todavia, não pode ser descartada a hipótese de que um senador de oposição tente assumir a cadeira de presidente da Casa, visto que PSDB e Democratas, juntos, têm 30 votos no Senado. Somados aos descontentes com o governo em outros partidos, o número de parlamentares poderia fazer frente a um candidato do PMDB.

Até agora, ainda que extra-oficialmente, os senadores têm apontado como possíveis sucessores de Calheiros, caso ele seja cassado amanhã, os colegas José Sarney (PMDB-MA), que já presidiu a casa entre 2003 e 2004, sua filha Roseana Sarney (PMDB-MA), que hoje é líder do governo no Congresso, e Jarbas Vasconcellos (PMDB-PE), que faz oposição ao governo na Casa. Se for instado a escolher entre os três, o Palácio do Planalto deve ficar entre os dois primeiros, já que eles têm uma ligação forte com o governo.

Porém, com a escolha de José ou Roseana Sarney para disputar uma possível sucessão o governo pode criar dificuldades com a oposição. Hoje, o líder dos tucanos, senador Arthur Virgílio (PSDB-AM), enviou mais um recado sobre a indicação de Sarney para o cargo que pode ficar vago.

- Não queremos ninguém velho na sucessão de Renan, nenhum politiqueiro, nenhum tipo de oligarquia ou gente ligada ao passado - afirmou, demonstrando resistência ao nome de Sarney ou de sua filha.

No início da semana, Virgílio já havia sido mais direto.

- A gente não sabe ainda o que quer, mas sabemos o que não queremos, que é José Sarney - ressaltou.

Vasconcellos, um nome quase com o carimbo de oposição apesar de pertencer ao maior partido da coalizão de governo, corre por fora na disputa e pode até mesmo atrair o apoio dos partidos de oposição obrigando o governo a dialogar.

O ex-governador de Pernambuco voltou à Casa este ano e ainda carece de articulação com os novos senadores. Oficialmente, o senador diz que não é candidato, mas hoje já manifestou seu voto contra Calheiros e disse que a sucessão é assunto pronto para entrar na pauta.

- Acho que não é o momento de discutir a sucessão para não politizar a votação. Mas assim que a acabar o voto, a discussão entra de imediato na pauta - afirmou.

Caso todos os senadores do Democratas (17), do PSDB (13) e do PSB (3) sigam a recomendação de seus partidos para votar pela cassação de Calheiros, faltariam apenas oito votos para confirmar a perda de mandato. Para aprovar a cassação ou a absolvição são necessários os votos de 41 parlamentares, maioria simples dos 81 senadores que compõem a Casa.

Além da suspeita de usar o lobista Cláudio Gontijo para pagar contas pessoais, o presidente do Senado ainda responde a mais dois processo no Conselho de Ética. Um que investiga se ele usou a máquina pública para beneficiar a empresa de bebidas Schincariol e outro se ele usou laranjas para comprar veículos de comunicação em Alagoas.