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Orientações e declaração de voto não garantem cassação de Calheiros

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Agência JB

BRASÍLIA - A soma das bancadas que definiram votar a favor da cassação do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e os votos declarados oficialmente por senadores são insuficientes para aprovar o pedido por quebra de decoro parlamentar. Foram 38 manifestações pela cassação até a véspera da votação, três a menos do que o número necessário de votos 41 votos, a maioria simples do total de 81 senadores. Renan Calheiros já enfrenta quatro processos e é a primeira vez na história em que um presidente do Senado terá uma cassação avaliada em plenário.

Os partidos que se posicionaram pela cassação são: DEM, com 16 senadores, PSDB, com 12, e PSB com três. Juntos, somam 31, já descontados os senadores Edson Lobão (DEM), que estava viajando nesta terça-feira, e João Tenório (PSDB), que é aliado de Renan em Alagoas. A eles, somam-se sete declarações oficiais de voto favorável à cassação: Cristovam Buarque (PDT-DF), Jefferson Péres (PDT-AM), Pedro Simon (PMDB-RS), Mão Santa (PMDB-PI), Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE), Garibaldi Alves (PMDB-RN), além de José Nery (P-SOL-PA).

Contudo, o resultado ainda não é certo, porque a votação é secreta e podem haver traições . O histórico de votações mostra que nem sempre o que se anuncia publicamente se concretiza. Na eleição da presidência do Senado, em fevereiro deste ano, o PSDB e DEM, que tinham uma bancada de 30 parlamentares, não atingiram a própria meta na votação. José Agripino Maia (DEM-RN) foi derrotado com 27 votos, menos do que haviam divulgado. Por isso, o líder o PMDB, Valdir Raupp (RO), aposta que Renan seja absolvido com uma votação semelhante a da eleição da presidência, com alguma margem menor.

- A oposição sempre fala que tem voto para ganhar. Aliás, os dois lados sempre falam. Até que chega a hora da votação - disse o peemedebista. O presidente do Senado ficou até 21h40 da noite no gabinete fazendo corpo-a-corpo com os parlamentares. Na saída, indagado pelos jornalistas se estaria tranqüilo com a votação, Renan respondeu um outra pergunta: - O que você acha? Você acha que não estou?. Um dos últimos senadores que conversou com Renan foi o petista Eduardo Suplicy (SP) que manteve sua indecisão. Ele saiu do gabinete com um memorial preparado por Renan para sua defesa.

Em entrevista à Rádio Nacional, o diretor de documentação do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap), Antônio Augusto de Queiroz, avalia que o resultado é imprevisível porque a votação é secreta. - Se o voto fosse aberto, seguramente o resultado seria pela cassação - disse. Para Queiroz, Renan tem uma relação de amizade muito intensa com os senadores e caso tivesse deixado o cargo provavelmente não teria hoje a declaração de cerca de 35 votos contrários.

- Então, é praticamente impossível adiantar ou verificar uma tendência em relação a esses que não manifestaram seus votos ainda. Certamente estão em dúvida sincera, porque não fosse isso, já teriam feito como os outros, antecipado seu posicionamento, portanto selado a sua disputa. Ainda estão sujeitos a pressão - disse.

Renan Calheiros enfrenta um processo por quebra de decoro parlamentar após uma representação do P-SOL, baseada em uma reportagem da revista Veja. O texto diz que o senador tinha contas pessoais pagas por um funcionário da construtora Mendes Júnior. Entre elas, uma pensão para a jornalista Mônica Veloso.

Uma perícia da Polícia Federal mostrou que os documentos apresentados por Renan Calheiros, isoladamente , não comprovam que ele tinha recursos suficientes para fazer os pagamentos. O Conselho de Ética e a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) aprovaram um relatório com uma lista de oito argumentos contra Renan. Por isso, foi encaminhado ao plenário do Senado.