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Venezuela rejeita ofensivas de ministro brasileiro sobre Chávez

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Agência EFE

BRASÍLIA - A embaixada da Venezuela no Brasil rejeitou hoje o que qualificaram de "ofensivas" e "insultantes" declarações feitas pelo ministro de Comunicações brasileiro, Hélio Costa, sobre o presidente Hugo Chávez.

- Televisão estatal é o que (Hugo) Chávez faz. Televisão estatal é o que existe em Cuba. Televisão estatal é o que se fazia na Polônia e na antiga União Soviética. Eu estive em todos esses lugares para saber perfeitamente qual é a diferença entre estatal e público - afirmou Costa.

O ministro respondeu assim às críticas da imprensa, que afirmou seu projeto para criar uma rede de televisão estatal no Brasil tem como único objetivo divulgar propaganda governamental. Na carta de duas páginas, o embaixador da Venezuela em Brasília, Julio García Montoya, disse esperar que as declarações sejam apenas um 'deslize emocional', fruto da pressão à qual o ministro foi submetido pelos jornalistas que o entrevistaram.

- Queremos acreditar (que foi um deslize), para não pensar que sua ofensiva contra nosso Governo e nosso presidente tem matizes maiores, pois, se for assim, é óbvio que o Governo do Brasil terá que nos dar uma satisfação - conclui o comunicado.

Na carta, o diplomata assegura que Costa desconhece totalmente a realidade de seu país. A nota da embaixada venezuelana considera 'alarmante' o fato de que personalidades do Governo brasileiro tentam justificar posições políticas mediante 'comparações desqualificantes com nosso país'. Segundo a embaixada venezuelana, 'o tom e o contexto' das declarações 'são insultantes, além de perigosos', uma vez que estabelecem que a imprensa estatal na Venezuela é um instrumento de marketing presidencial.

- O que nos alivia quanto a esse mal-estar político e diplomático do ministro Costa é sua óbvia ignorância em relação ao que acontece na Venezuela - acrescenta o comunicado.

Na nota, Montoya faz uma ampla explicação sobre o funcionamento dos meios de comunicação controlados pelo Estado na Venezuela, e esclarece que uma televisão estatal 'responde aos interesses do Estado, e não aos de seu administrador, que é o Governo'. Segundo o embaixador, a Venezuela conta com uma televisão do Estado ("Venezolana de Televisión"), na qual, além do Executivo, têm espaço os demais poderes do Estado, e inclusive, produções independentes.

De acordo com a nota, o ministro brasileiro, como ex-empregado da "Rede Globo', conhece muito bem o conceito de televisão privada.

Sobre 'as infelizes comparações e conceitos emitidos pelo ministro', acrescenta o comunicado, 'queremos reafirmar que as redes de televisão estatais venezuelanas não são do presidente Hugo Chávez, e que, na Venezuela, o Estado não se reserva o direito de prestar serviços de telecomunicações, nem os emprega em função de marketing presidencial ou pessoal'.