AFP
ASSUNÇÃO - O chanceler brasileiro, Celso Amorim, admitiu nesta quinta-feira, em Assunção, a decepção do Paraguai e do Uruguai com o bloco econômico regional Mercosul e reconheceu que merecem um tratamento especial.
- A percepção é que as economias menores do Mercosul merecem um tratamento especial e, até agora, tiveram um tratamento especial, mas no sentido inverso - reconheceu Amorim.
O ministro encerrou nesta quinta-feira uma visita de dois dias à capital paraguaia, onde conversou com as autoridades locais, mas não chegou a qualquer acordo sobre o comércio bilateral e a dívida da hidrelétrica Itaipu.
- O normal seria que Paraguai e Uruguai pudessem exportar mais para o Brasil e a Argentina, mas isso não aconteceu. Talvez tenhamos de buscar um novo entendimento - completou o chefe do Itamaraty.
Paraguai e Uruguai reclamam das barreiras fronteiriças brasileiras e argentinas para o desenvolvimento de suas economias e, recentemente, multiplicaram seus contatos com os Estados Unidos para encarar a possibilidade de fechar acordos comerciais.
Os empresários paraguaios exigem abertamente do Governo que deixe o Mercosul e busque um tratado de livre comércio com os Estados Unidos.
A esse respeito, Amorim comentou que "não vim aqui para fazer promessas, mas para criar o ambiente para que aquilo que vocês chamam de travas ao comércio possa ser removido".
Segundo dados do Banco Central paraguaio, a balança comercial com o Brasil registra um déficit de 530 milhões de dólares até setembro deste ano, quase o mesmo de 2005.