ASSINE
search button

Pag. 7 - Iate superlotado naufraga na Baía de Guanabara

Compartilhar

31 DE DEZEMBRO DE 1988 N a noite do dia 31, a poucos minutos da virada do ano, o barco Bateau Mouche IV naufragou na Baia de Guanabara, a 700 metros da Praia Vermelha, provocando a morte de 55 pessoas. Com excesso de peso e irregularidades que impediam o barco de fazer transporte de passageiros legalmente, o iate de empresários espanhóis, que anteriormente se chamava Boka Loka, dirigia-se à Praia de Copacabana, a fim de levar um grupo de 150 pessoas ao show de fogos do Réveillon.

Em ligação para a esposa minutos antes de zarpar, o capitão do navio revelou que a viagem contrariava sua vontade, já que o barco estava com excesso de peso e o mar, muito revolto. No caminho para Copacabana, o Bateau Mouche chegou a ser parado pela guarda costeira, que o liberou depois de firmar um acordo com o responsável por ela. Além do excesso de peso, o barco tinha problemas no casco e nas bombas, e uma laje construída em cima da cabine principal desestabilizava o seu centro de gravidade.

Em depoimento à polícia, a maioria dos sobreviventes atestou que suspeitava que o barco iria afundar, pouco depois de zarpar. Segundo testemunhas, minutos antes da meia-noite, a água do mar já entrava no convés pelas privadas e por perfurações no casco.

Além de ser um ícone da imprudência e irresponsabilidade, o naufrágio do Bateau Mouche é também um símbolo da fragilidade do Judiciário. Foram necessários 13 anos para que o MP Federal julgasse e condenasse os donos da embarcação por crimes de sonegação fiscal, falsidade ideológica e falsificação de documentos, totalizando 18 anos de prisão e multa de R$ 4 milhões. Antes do fim do processo, a pena dos acusados foi prescrita, o que fez com que todos estejam impunes até hoje.

Por Mauro Santayana: [email protected]