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O despectivo Sérgio Côrtes

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Em depoimento feito ao juiz Marcelo Bretas, o ex-secretário de Saúde do Rio Sérgio Côrtes foi interrompido quando usou a expressão "dar um esporro". O juiz observou que Côrtes estava "pegando o linguajar de Benfica", numa referência ao presídio onde está. No que Côrtes respondeu: "O linguajar lá é bem pior, excelência."

Como esse senhor ainda tem o desplante de dizer que alguma influência do seu atual convívio social pode ser pior do que ele próprio, ou de qualquer ação, fala ou atitude que ele já tenha tido? Ele, que é formado em medicina e, até provem o contrário, foi um diretor de hospital que atemorizava outros médicos honestos, pela ousadia e petulância com que tratava subalternos. Tinha postura de autoritário e ainda era protegido por parentes de sua mulher na direção do Partido dos Trabalhadores, naquele momento mandando no país. Um tio de sua mulher, líder político, presidente do senado, governador do Acre, era quem o protegia. 

E ele, com toda essa blindagem, conseguiu ter fama de honesto. 

"É um grande desafio de nosso governo prestar uma saúde pública de qualidade ao nosso povo, e estou muito tranquilo de deixar essa pasta nas mãos desse médico intolerante com a incompetência e inimigo da corrupção", disse o então governador Sérgio Cabral ao nomear Sérgio Côrtes para a Secretaria de Saúde.

Hoje, é identificado pelo Ministério Público e pela Polícia Federal com ligações que poderão levar-lhe à condição de criminoso.

E cometendo crime contra quem? Contra o pobre, o doente, os hospitais, a saúde... Agora, ainda afirma que assume seus erros. Se assume, delate. Não pelo medo de passar o tempo que merece na cadeia, e nem de perder seu patrimônio, que não deve ter sido constituído com trabalho. 

Com o tempo que está na vida pública, ele não pode ter o patrimônio que tem. Nem um negócio "de ouro", como tinha. Se bem que, no convívio, sabia que seus chefes colecionavam joias, o que permitiu que pessoas de sua relação pessoal vendessem ou lavassem joias.

Quando chegou com fama de honesto, dizem até que armou um atentado para consolidar mais sua posição de homem "sério". Hoje, choraminga dizendo que assume seus erros, confessando para poder diminuir sua pena e não ter seus bens sequestrados. 

Mas é fácil ver a evolução patrimonial desse senhor durante sua atividade no serviço público, para constatar se poderia amealhar o patrimônio que tem. Como executivo de rede hospitalar, tem outros sócios também envolvidos em atos que vão precisar confessar para ver suas penas reduzidas e seu patrimônio guardado.

Esses donos de hospital que roubaram os pobres, hoje, deveriam receber como punição serem obrigados a bancar o sustento da família de todos que, ao procurar a rede pública hospitalar, falida, morrem por falta de assistência médica competente.