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Diante de mais um escândalo, o país não precisa de explicações, e sim de verdades

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A inesperada viagem do presidente interino Michel Temer no domingo (22) de São Paulo para Brasília poderia ser justificada: o jornal Folha de S. Paulo já teria entrado em contato não só com o ministro Romero Jucá e sua assessoria sobre a gravidade da denúncia que iria publicar no dia seguinte. Temer também teria sido avisado e, por isso, teria se deslocado para Brasília.

A gravação, se verdadeira, está sendo vista por analistas políticos com gravidade, pois revelaria a forma de coagir o presidente do Senado e o próprio ex-presidente José Sarney de aderirem ao impeachment da presidente Dilma Rousseff. 

Como se subentende nos relatos, a gravação foi feita no curso do processo do impeachment da presidente Dilma Rousseff. Deduz-se então é que naquele momento, o presidente do Senado Renan Calheiros estaria em desacordo com o processo de impeachment, daí porque entra o ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado no processo. Sendo homem de Renan Calheiros, segundo o noticiário da Operação Lava Jato, ele poderia chantagear o presidente do Senado para que ele mudasse sua posição e facilitasse o impeachment naquela Casa.

Segundo as conclusões de alguns analistas lendo a transcrição da gravação, daí a necessidade do entendimento entre o ex-presidente José Sarney, Sérgio Machado e Renan Calheiros. Vale lembrar que Sarney nunca teve boas relações com o PSDB.

Por fazer parte do grupo de Sarney e de Renan Calheiros, o ministro Edison Lobão deve ter sido aconselhado pelo mesmo grupo a votar pelo impeachment, não se preocupando em ser um dos mais acusados na Lava Jato, pois a condição era de que no governo Temer tudo acabaria.

Com mais esta profunda desestabilização num momento em que o país enfrenta a sua maior crise política, e quando se depositava todas a expectativas no presidente interino Michel Temer, qual  esperança que resta ao país? Ainda mais quando vêm à tona as graves ilações, se a gravação for verdadeira, que Romero Jucá fez da relação entre o presidente afastado da Câmara Eduardo Cunha e Michel Temer. Qual seria a repercussão disso para o povo?

O ministro Romero Jucá já poderia ter estancado a crise não declarando que não tem medo, mas se afastando e indo para a tribuna exigir do governo do qual faz parte a apuração do vazamento da gravação, e questionando as declarações graves de Sérgio Machado, que estranhamente até agora não se pronunciou. Romero Jucá deveria se oferecer à Procuradoria-Geral da República para ser intimado a prestar esclarecimento, com seus direitos de defesa garantidos, se for verdadeiro que esse documento está em poder da PGR.

E por que até agora o PSDB e o senador tucano Aécio Neves não promoveram uma ação judicial para garantir não só que o que é dito é mentira, como também seriam criminosas as declarações que supostamente afirmam como se elege um presidente da Câmara?

E ainda diante de todos esses fatos, se verdadeiros, por que Sérgio Machado não está convidado coercitivamente a prestar esclarecimentos sobre esses fatos que desestabilizam ainda mais um país que já está tão débil?

O curioso e o que pode comprometer é que os personagens centrais desses escândalos foram todos do PSDB - Delcídio do Amaral, Romero Jucá e Sérgio Machado. Já tendo sido tucanos, poderiam conhecer todo este esquema, ainda mais levando-se em consideração as acusações de pagamento de propina que pesam na Lava Jato sobre o ex-presidente do PSDB Sergio Guerra, morto em 2014.

Com certeza o Supremo Tribunal Federal vai se manifestar, como fez no caso do senador cassado Delcídio do Amaral por ter usado o nome daquela Corte. 

O que o país espera agora? Não são mais explicações, e sim a certeza do que é verdade e do que é mentira.