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Tragédia da ciclovia expõe promiscuidade entre público e privado

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A decisão do prefeito Eduardo Paes de determinar uma perícia de órgãos independentes para descobrir os motivos da queda da ciclovia da Avenida Niemeyer causou a reação da Associação dos Peritos Oficiais do Estado do Rio de Janeiro. Para a entidade, a perícia criminal deve ser feita pela equipe do Instituto de Criminalística Carlos Éboli, como eles afirmam que determina a lei. A perícia independente deveria se limitar aos campos administrativo e cível.

A reação dos peritos do Estado reforça a análise de que Paes se precipitou ao antecipar que a perícia será feita por institutos contratados pela Prefeitura (Coppe e  Instituto Nacional de Pesquisas Hidroviárias - INPH).

Aliás, o prefeito também se precipitou ao determinar que a reconstrução da ciclovia será feita pela mesma empresa - Concremat - responsável pela obra que já mostrou não ser confiável.

As medidas mais parecem o desejo de esconder um suposto crime ou supostas ligações, como acontece com as ligações das empresas envolvidas na Lava Jato com políticos. Esta nebulosa relação entre o público e o privado, além de muitas vezes sangrar os cofres públicos, causa escandalosas distorções, como se viu na votação da Câmara pelo impeachment da presidente Dilma Rousseff. Os 513 deputados que votaram - contra ou a favor - dedicaram aquele momento aos pais, mães, filhos, mulheres e maridos, e não para cobrar o sequestro de bens ou as punições cabíveis do código aos empreiteiros que roubaram o país, como torná-los impedidos de contratar com o serviço público. Isso não se ouviu. 

Essa promiscuidade que parece envolver a prefeitura com a empresa que construiu a ciclovia - e que na nota oficial que divulgou responsabiliza a prefeitura pelo projeto - mais parece a relação desse tipo de apaniguados que permite que os custos de uma campanha seja cinco ou seis vezes maior do que o que ganha um parlamentar nos quatro anos de mandato. E que este mesmo parlamentar termine seu mandato com um patrimônio cinco ou seis vezes maior do que o que tinha quando entrou para a vida pública, mesmo tendo salário que - como afirmamos - somados os anos do mandato, seja cinco ou seis vezes menor que o gasto em campanha.

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