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Os verdadeiros motivos para a expansão do Estado Islâmico

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O historiador sírio Sami Moubayed, autor do livro “Under black flag”, afirma em entrevista publicada nesta segunda-feira (23), pela Folha de S. Paulo, que o Estado Islâmico "é mais uma ideologia do que qualquer outra coisa". Segundo Moubayed, a ideologia "permitiu à facção criar um 'Estado', com uma capital, um exército, uma polícia, serviço de inteligência, currículo escolar, hino e cofres cheios de dinheiro do petróleo."

Contudo, no decorrer da mesma entrevista, Moubayed dá a seguinte resposta à pergunta que pedia uma explicação para "o enorme crescimento do número de combatentes do EI, que hoje passam de 35 mil." Para Moubayed, a explicação é a pobreza, a ignorância, o medo e o dinheiro.

Ora, ignorar é, segundo o dicionário, "não ter conhecimento de alguma coisa; não saber, desconhecer."

Como então a ignorância e a pobreza podem explicar o crescimento do número de combatentes do Estado Islâmico, se o mesmo historiador credita à religião e à ideologia à própria essência do grupo extremista?

Quem é ignorante ignora a religião, ignora o que é ideologia.

Nem a pobreza, nem o medo, nem o dinheiro podem fazer com que um ignorante, uma pessoa que não tenha tido acesso à instrução, possa fazer reflexões sobre qualquer coisa. O medo é um sentimento que tem origem na insegurança, seja intelectual, financeira ou por qualquer outra razão; e a falta de dinheiro é uma questão social, o que confirma a primeira indicação do historiador quando cita a pobreza como uma das causas para o crescimento do número de combatentes.

Sami Moubayed mostra claramente com essa resposta que a verdadeira razão para a expansão do EI não é religiosa ou ideológica e, sim, os problemas sociais enfrentados pela população onde o Estado Islâmico se estabeleceu.