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As declarações de Maluf sobre Cunha sintetizam nosso estado de anomia

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O estado de anomia no qual se encontra o país se traduz nas declarações dadas pelo deputado federal Paulo Maluf (SP-PP), em reportagem do jornal "O Globo" deste sábado (24). Comparado ao presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que enfrenta processos no Superior Tribunal Federal (STF) por lavagem de dinheiro, corrupção passiva e sonegação, o ex-prefeito de São Paulo rechaçou:

"Você viu algum documento meu? Cartão de crédito? Viu o cheque? Algum extrato? Como ele está seguindo à risca?", rebateu, diante da tese de que Cunha estaria seguindo à risca sua estratégia de negar até o fim envolvimento em negócios escusos, mesmo diante de todas as evidências apresentadas pela Justiça e pela imprensa.

O senhor Paulo Maluf, porém, ao tomar conhecimento por meio da imprensa do alto risco de que saia algemado de algum aeroporto em qualquer parte do mundo, suspendeu suas viagens ao exterior. Ele também esquece que o Ministério Público de São Paulo já determinou o repatriamento de mais de R$ 300 milhões em contas do nobre alcaide fora do país. Maluf oculta, ainda, que figura na lista de procurados da Interpol e está fichado na corporação internacional, mas afirma, cinicamente, que não é igual ao presidente da Câmara dos Deputados, que vem sofrendo acusações junto com sua mulher e familiares e incorre em crime permanente enquanto mantém as contas na Suíça.

Diante desses crimes permanentes dos digníssimos senhores representantes da população no Congresso Nacional, torna-se um complexo exercício de imaginação conjecturar sobre o que se passa na cabeça de um miserável ladrão que tenha assaltado uma única vez e, agora, amarga atrás das grades até que seja julgado enquanto assiste na televisão à ação dos verdadeiros delinquentes da nação - estes criminosos ambulantes que mantém suas contas no exterior, estão diariamente nas capas dos principais jornais do país, são a materialização do flagrante desrespeito às leis e contam, ainda, com a conivência de parte da justiça que vem se mantendo calada e morosa na apresentação dos resultados.

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