ASSINE
search button

Petrobras: a realidade das agências e a realidade da produção

Compartilhar

Após o anúncio da perda do grau de investimento do Brasil pela Standard & Poor’s na última quarta-feira (9), as especulações do mercado se intensificaram em relação às empresas brasileiras ligadas ao governo, dentre elas a Petrobras, que no fim da tarde também entrou em terreno especulativo. Na quinta-feira, a nota da estatal foi rebaixada em dois níveis, de "BBB-" para "BB", com perspectiva negativa.

>> Standard & Poor's tira grau de investimento da Petrobras

>> S&P rebaixa 13 bancos brasileiros, entre eles Itaú, Bradesco, Caixa e Banco do Brasil  

Um dos principais motivos do rebaixamento do rating soberano do país, segundo a agência de classificação de risco, foi a incerteza política. É certo que existem divergências quanto à forma de driblar o déficit previsto para 2016, mas por outro lado o governo tem tomado medidas para deixar a casa em ordem. 

A história já mostrou que análises de agências internacionais nem sempre refletem a realidade. Tanto é que logo antes de quebrar, em 2008, o gigante financeiro Lehman Brothers Holding era muito bem avaliado por elas. Com base em dados sólidos, a Petrobras tem conseguido enfrentar suas dificuldades institucionais e manter resultados positivos mesmo em meio à Operação Lava Jato. 

Em julho, por exemplo, sua produção média de petróleo e gás natural cresceu 1,8% em relação ao mês imediatamente anterior, o que significa que a estatal atingiu o patamar de 2,796 milhões de barris de óleo equivalente por dia (boed). Na comparação anual, o resultado também é positivo, 3,6% superior a julho de 2014. 

Além de ser a maior empresa brasileira, a Petrobras atua nos mais diversos setores em 18 países ao redor do mundo. Apenas no que diz respeito a petróleo, no dia 8 de julho deste ano a estatal atingiu seu recorde diário de produção no pré-sal: 865 mil barris por dia (bpd). No acumulado do mês, o total produzido também superou o recorde histórico, com alta de 6,9%, chegando a 798 mil bdp.

Contudo, graças à desaceleração da China e aos altos níveis de produção internacional, o petróleo sofreu desvalorização de mais de 60% desde 2014 e, também em julho, o preço médio do Brent foi de apenas US$ 52,21 o barril. Mesmo com este cenário negativo, associando a quantidade de óleo produzido em julho ao preço médio do barril no mesmo período, o valor total de produção da Petrobras ultrapassa US$ 1,29 bilhão apenas no mês analisado. 

Apesar dos resultados positivos, no último dia de julho, as ações ordinárias (PETR3) da estatal valiam R$ 11,58, enquanto as preferenciais (PETR4) custavam R$ 10,50, refletindo muito mais os movimentos especulativos do que a realidade da empresa. Em 2008, os papeis da empresa chegaram a valer mais de R$ 40.