A votação que derrubou a fator previdenciário, nesta semana, mostra um retrato fiel e emblemático do atual quadro político do país. A regra, criada pelo governo tucano FHC em 1999, foi alvo de feroz oposição dos petistas na ocasião. Agora, sua derrubada ganhou apoio integral dos tucanos, enquanto os petistas defendiam sua permanência.
Na edição desta sexta-feira da Folha de S. Paulo, Bernardo Mello Franco aborda a questão no artigo Fator de ocasião. "As convicções variam à medida que os políticos transitam do governo à oposição, e vice-versa."
Mas o mais grave disso tudo é que, quando o PT foi contra o fator previdenciário, ele estava se opondo a uma regra que não tinha sido criada por ele. Uma regra que prejudicava a população, e que não era de sua autoria.
Agora, quando os tucanos aprovam sua derrubada num momento em que o país precisa restabelecer suas finanças, eles estão retirando uma regra de sua autoria - portanto, sobre a qual conhecem profundamente - para prejudicar o país.
Os petistas cometeram um "crime culposo", porque na ocasião faziam a oposição pela oposição, mas os tucanos cometem um "crime doloso", pois sabem como poucos - já que criaram o fator previdenciário em 1999 - que a sua derrubada implica em pesadas consequências para a economia do país. Sabem exatamente o que vai acontecer e mesmo, assim - ou melhor, por isso mesmo - se unem para derrubar uma regra criada por eles.
É um crime se lesa pátria de apátridos