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'Impeachment', 'intervenção militar', 'basta de Paulo Freire'... o que querem os manifestantes?

Um milhão virou 210 mil, com uma pauta onde não se via a luta pelos menos privilegiados

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Nos protestos de domingo (15) contra a presidenta Dilma Rousseff, na Avenida Paulista, os 1 milhão de participantes que, segundo a PM, estavam nas ruas, num passe de mágica se transformaram em 210 mil, segundo o Datafolha.

Levando em consideração de que havia muitas famílias na passeata, com pais, mães e filhos, podemos chegar à conclusão de que havia em torno de 140 mil pessoas com idade para votar. Ora, em São Paulo Aécio Neves contou com 4,1 milhões de votos na capital e com 15 milhões de votos em todo o estado.

Podemos chegar à conclusão de que boa parte das pessoas que votaram em Aécio não aderiu aos protestos. Aliás, nem Aécio foi para as ruas. Assistiu pela janela, em Ipanema.

Com relação às manifestações, ficam perguntas no ar: havia faixas pedindo aumento do salário mínimo? Defendendo o direito das mulheres? Dos negros? Havia cartazes defendendo os direitos humanos?

Não. O que se viu foi "fora Dilma", "fora PT", "intervenção militar, já", e "Impeachment". E os pedidos de impeachment durante o protesto se sucederam mesmo após os mais renomados juristas, a CNBB e a própria adversária de Dilma nas eleições, Marina Silva, terem afirmado exaustivamente que, além de não ter base jurídica e constitucional, o impeachment só seria mais prejudicial ao país. 

>> Parte da mídia mundial diz que protesto foi da "classe média branca"

O que se viu nas ruas foi um processo radical contra o PT e Dilma. E o governo, ao reagir, passou o recibo que, a juízo de especialistas, não tinha a necessidade de passar. Acusou o golpe que era contra o governo e contra as instituições, por razões individuais, em função das recentes eleições.

Os cerca de 20 criminosos flagrados armados - se realmente estavam armados - que supostamente tinham o objetivo de causar confrontos na passeata, são a comprovação triste de que tais fatos podem se repetir, talvez em maiores proporções, em novos protestos, com uma população mais raivosa.

Num dos flagrantes do protesto, manifestantes, em Brasília, mostravam cartaz onde de lia "Basta de Paulo Freire", um dos mais brilhantes educadores, pedagogos e filósofos da história do Brasil, sendo considerado um dos pensadores mais notáveis na história da pedagogia mundial. Basta, não é de Paulo Freire. Basta é com as provocações em que só perdem os que tem o que perder.

ONU divulga mensagem aos que dispensam ensinamentos de Paulo Freire

A ONU aproveitou a rejeição de parte dos manifestantes deste domingo às contribuições de Freire, para publicar, em sua página do Facebook, uma frase conhecida do educador. E ela elucida bem o que ele dizia com a educação ser “um ato político”.

Segundo a ONU, Paulo Freire foi um educador e filósofo brasileiro e que possui influência na educação não só no Brasil, mas em todo o mundo, tendo sido homenageado por instituições como Harvard, Cambridge e Oxford. Desde 2012, ele é considerado o Patrono da Educação Brasileira.

Conhecido pela sua ‘pedagogia da libertação’, a qual estava relacionada a uma visão marxista do Terceiro Mundo, Freire foi preso durante a ditadura militar e teve a publicação de algumas de suas obras barrada pelo regime que durou 21 anos (entre 1964 e 1985) no Brasil.

No Twitter, outras frases famosas de Freire também apareceram por meio de outras pessoas que não resumem as contribuições dele ao maniqueísmo da esquerda contra a direita, ou do capitalismo contra o comunismo:

"Quando a educação não é libertadora, o sonho do oprimido é ser o opressor"

''Se a educação sozinha não pode transformar a sociedade, tampouco sem ela a sociedade muda''