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Em crise global, credibilidade das agências de classificação de risco ficou abalada

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A credibilidade das agências de classificação de risco ficou irremediavelmente abalada com os eventos da crise global de 2007 e 2008, a maior que o sistema capitalista já viu. Nos anos anteriores ao estouro da bolha do mercado imobiliário -- gatilho da enorme crise --, bancos emprestavam com critérios questionáveis e tomavam riscos imensuráveis. Contavam com o fato de poder embolsar os ganhos associados aos riscos e repassar perdas a credores. Estes, por suas vez, contavam com o famoso “too big tofail”: os bancos para os quais emprestavam eram suficientemente importantes para que o governo os salvassem em caso de crise.  

Os empréstimos feitos pelos bancos eram financiados com uma fração enorme de dívidas com financiamento de curto-prazo. A chamada alavancagem dos bancos chegou a níveis estratosféricos. Com empréstimos arriscados e muita dívida, esta carregava riscos enormes.  Sendo as dívidas de curtíssimo prazo, problemas de liquidez eram prementes. O que fizeram as agências de classificação de risco? Nada. Foi preciso que a crise estourasse para que agissem.

Com a reputação herdada de sua atuação durante a crise, a agência de classificação de risco Moody’s cortou em dois degraus a avaliação do crédito da Petrobras no início desta semana. Em relação ao passado recente, durante o qual a agência já poderia ter se pronunciado, a Petrobras se encontra em claro processo de avanço. A troca de comando e o compromisso -- enfatizado por anúncios públicos recorrentes feitos pelo Presidente Aldemir Bendine, com a divulgação de um Balanço auditado -- fazem com que a possibilidade de a Petrobras ter que fazer pagamentos adiantados de suas dívidas seja nulo. É também inequívoco o compromisso dos cidadãos, seus verdadeiros donos, com a empresa. Esse compromisso dos cidadãos é garantia que o governo (de qualquer governo!) se comprometerá com a saúde da empresa.  Por que rebaixar? As consequências do rebaixamento serão um custo maior de recuperação para a empresa e para a economia do país.

De volta aos bancos rebaixados pelas agências de classificação de risco durante a crise: eles estão bem hoje, impulsionando a economia norte-americana em sua retomada. Os excessos que houve foram corrigidos. A contribuição das agências de risco para sua saúde atual e correção de excessos é nenhuma. O importante foi o reconhecimento de que, sem bancos, a economia norte-americana não existiria. Era preciso que seus erros fossem corrigidos, mas sem matá-los. Nesse sentido, é preciso que os mercados, seus supervisores e as próprias agências façam profunda reflexão. Muito se fala sobre um aspecto de sua atuação; a falta de precisão de suas avaliações e demora em agir. Mercados e supervisores se esquecem de outro aspecto, muito mais importante. O mercado usa as agências para basear suas decisões. Por isso, as agências, querendo avaliar a saúde de uma empresa, podem na verdade causar-lhes sérias doenças e matá-las. As agências ignoram isso. Nós não podemos ignorar.