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A eleição e as sucessões: um jogo de poder

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Os governantes, quando contam com o apoio quase absoluto do povo, como Getúlio Vargas, Juscelino Kubitscheck e um período de Fernando Henrique Cardoso, escolhem seus sucessores imaginando voltar. 

Quando os mandatos eram de cinco anos, os governantes escolhiam candidatos para sucedê-los sempre num exercício egoístico, como se tivessem a seguinte reflexão: "Se eu escolher um mau candidato, que fosse derrotado, facilitaria a minha volta cinco anos depois, porque os eleitores teriam saudade de meu mandato." 

E se o candidato à sucessão fosse bom, mas fizesse um mau governo, os governantes corriam o risco de não voltar.

Getúlio Vargas escolheu Eurico Gaspar Dutra porque tinha certeza que um marechal violento facilitaria sua volta como candidato do povo. Juscelino escolheu o marechal Lott. Derrotado, foi ao poder um candidato com dificuldades psicológicas. O que JK não esperava é que Jânio Quadros fosse renunciar, criando uma crise institucional, o que dificultou a sua volta porque houve um golpe de estado.

José Sarney teve Ulysses Guimarães. Ganhou Fernando Collor. Nova crise institucional levou Itamar Franco ao poder.

O grupo de Itamar não queria Fernando Henrique Cardoso. Eleito, e com magnífico governo, FHC conseguiu sua reeleição. Se fosse eleito um sucessor indicado por ele, dificilmente FHC voltaria ao poder, porque já teriam se passado oito anos. O candidato era um anticandidato.

FHC imaginava que Lula, "despreparado", pudesse fazer um mau governo e ele, então com 78 anos, voltaria. Se surpreendeu: Lula fez um ótimo governo e se abraçou com o povo.

Daí em diante, o Jornal do Brasil prefere não fazer julgamentos e pensar no que deve estar na cabeça desses candidatos que pretendem voltar.