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'The Economist' destaca "ano com eleição imprevisível" no Brasil

Assim como editorial do 'JB', artigo prevê dificuldades para Dilma na política e protestos na Copa

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Artigo publicado no The Economist desta sexta-feira (4), intitulado Grande ano do Brasil - A maior economia da América Latina entra em um ano de eleição imprevisível, explora a expectativa do ano que se inicia sob a ótica das polêmicas envolvendo a economia, os protestos de 2013 - que prometem voltar no ano da Copa do Mundo - e as projeções das eleições. O texto destaca que o apoio à presidenta Dilma Rousseff sofreu uma queda durante os protestos, mas já voltaram a crescer. Mesmo assim, artigo aposta numa corrida difícil. "A mesma pesquisa descobriu que dois terços dos eleitores querem que o próximo presidente do Brasil faça mudanças políticas. Isso sugere que o espírito de junho ainda esteja vivo e que o apoio a Dilma Rousseff poderia derreter se uma alternativa forte emergisse. Analistas políticos dizem que um concorrente que conseguir avançar nas pesquisas poderia rapidamente assumir a liderança.

O artigo do The Economist se alinha com editorial publicado no dia 30 de dezembro pelo Jornal do Brasil que, apesar de lembrar o favoritismo de Dilma, destacava as dificuldades nas próximas eleições, as expectativas com relação a protestos durante a Copa do Mundo, os obstáculos que Dilma enfrentará para a formação de uma bancada no Congresso e o fato de que este ano, com Carnaval, eventos esportivos e eleições, só começar de fato após o segundo turno, em 26 de outubro.

Nada pode prognosticar o que vai ser do Brasil no dia seguinte das eleições para presidente da República, em 26 de outubro (data do segundo turno). Teremos uma presidenta que não vai ter a necessidade de cooptar o Congresso, porque não disputará uma terceira eleição, e um Congresso que não se sentirá bem tendo seus projetos de lei vetados porque poderão incidir em processo inflacionário. Um Congresso que poderá não ter simpatia pelo Executivo, e um Executivo que vai ter que governar para entrar para a história, e terá que prescindir da demagogia, diz o editorial do JB.

>> Veja aqui o texto do 'JB'

De acordo com o The Economist, nenhum dos prováveis adversários de Dilma está fazendo campanha para valer. "O PSDB de Aécio Neves foi atingido por indícios de corrupção e superfaturamento em contratos públicos em seu estado coração - São Paulo. Eduardo Campos, o governador do estado de Pernambuco, está elaborando um programa com sua provável companheira de chapa, Marina Silva, ambientalista que se juntou a seu partido depois de perder o prazo para a criação de seu próprio."

Ainda segundo o artigo, a economia oferece uma linha de ataque para ambos os candidatos. "Desde de que Dilma tomou posse em 2011, o crescimento tem sido anêmico. O desemprego é baixo e, até recentemente, a renda subia mais rápido do que a inflação. Mas a criação de emprego e o crescimento salarial estão agora estagnados, enquanto os preços ainda estão subindo. As finanças públicas se deterioraram e não serão reparadas em um ano eleitoral."

The Economist destaca também que este ano será "perdido" para o crescimento, "com um carnaval tarde estendendo as férias de verão a partir de Natal a março, e um desligamento de três meses por causa da Copa do Mundo, que o Brasil sediará. Despesa extra em cerveja e novos televisores não vão compensar o fechamento de escolas e escritórios do governo nos dias de jogos."

Ainda segundo o artigo, a Copa do Mundo traz outros riscos. "As marchas de junho passado coincidiram com a Copa das Confederações, um ensaio geral para o torneio deste ano. O momento foi o de mais raiva dos manifestantes, destacando o contraste entre novos estádios caros e a infraestrutura pública de má qualidade, dando-lhes a chance de expor mágoas com o mundo todo assistindo." 

Outro risco para Dilma, segundo The Economist, é que pelo menos uma sede da Copa do Mundo pode ter de ser retirada. "Isso seria um grande constrangimento, uma vez que os ingressos para os jogos em todos os 12 estádios já foram vendidos. Embora todos devessem estar prontos até agora, seis foram paralisados por problemas de tesouraria, greves e acidentes. O queda de um guindaste em novembro no novo estádio do São Paulo, que deverá sediar o jogo de abertura, não deixou espaço para mais atrasos."

Contudo, o artigo termina destacando que, "apesar destas cascas de banana, será difícil bater Dilma."  The Economist cita os beneficiados do Bolsa Família e outras políticas, como importação de médicos cubanos para trabalhar em áreas pobres, como fortes alicerces para sua reeleição. "Apesar do desejo dos brasileiros por mudança, os adversários terão de convencer os eleitores de que muita coisa permanecerá a mesma se um deles ganhar."