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Gilmar Mendes deve uma explicação ao país

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As acusações do ministro Gilmar Mendes a respeito da proibição das doações de empresas para as campanhas eleitorais, em votação no Supremo Tribunal Federal, são graves. O ministro afirmou que partidos políticos que estão no poder vão se beneficiar com o veto às doações.

"Quem ganha com isso é quem dispuser de propaganda institucional. Há quem interessa esse modelo cerrado, hermético? Em geral, é ao governo", afirmou. 

O ministro insinua que há por parte dos governantes uma força corrupta que os permite se perpetuar no poder. Não pode haver outra interpretação senão esta.

Mas, após fazer esta afirmação, Gilmar Mendes ficaria constrangido se lhe perguntassem como Fernando Henrique Cardoso não conseguiu eleger José Serra em 2002. Ou, por outro lado, ao analisar os 20 anos  - seis mandatos - de governo PSDB em São Paulo (Mário Covas de 1995 a 2001, Geraldo Alckmin de 2001 a 2003 e de 2003 a 2007, José Serra de 2007 a 2011, e novamente Alckmin de 2011 até este ano).

Ao fazer tal afirmação, Gilmar Mendes estava baseado em quê? Há fatos novos? Ele, como ministro, tem a obrigação de denunciar ao país, como aliás o fez quando revelou, em maio de 2012, que Lula o havia procurado, juntamente com o ex-ministro da Justiça Nelson Jobim, para supostamente pressioná-lo contra a realização do julgamento do mensalão.

Gilmar deve uma explicação ao país. Suas declarações não são de um homem qualquer falando amenidades, são de uma autoridade da mais alta corte do país. Sua voz é forte e tem eco, pela importância que simboliza.