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O fim da Perimetral e o caos no trânsito e na vida do trabalhador

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Eduardo Paes recomendou, no dia que anunciou a implosão da Perimetral, que o carioca usasse transporte alternativo. Temos certeza de que os helicópteros não voarão sozinhos. Nos  grandes, no caso dos 'Agusta', os barões certamente estarão acompanhados. No menores, como  os 'Esquilo', no município, os voos terão pelo menos mais dois. Afinal, o transporte deve ser coletivo.

No caso da plebe, aqueles que não são condes nem barões, estes devem ir a pé ou de bicicleta, pois carro não é um transporte alternativo, como sugeriu o prefeito.

Paes quer mesmo são os ônibus superlotados e entupindo as vias.

Hoje, um dos principais jornais do país afirma que o tempo para se chegar ao Centro do Rio vai aumentar 30%. Levando-se em consideração que, ao se levantar, o trabalhador gasta pelo menos uma hora entre tomar banho, tomar café e sair de casa até o ponto de ônibus; e que ele ainda gasta pelo menos 1h30 na condução, mais pelo menos 15 minutos do ponto de ônibus até o local de trabalho, chega-se a um total de 2h45 consumidos pela manhã. Mais os 30%, chega-se a 3h15.

Este mesmo trabalhador gasta uma hora no almoço, isso sem considerar o tempo que leva para se deslocar até o local da refeição. Chegamos a 4h15. Soma-se a isso as oito horas de trabalho e, no trajeto do trabalho para casa, outras 2h. Mais uma hora para o jantar e computamos um total de 15h15 já consumidos do dia. Sobram 8h45 para o trabalhador dormir. Isso se ele não tiver hora-extra, não ver novela, não se distrair, não aproveitar o que resta da noite para estar com sua família. Ele tem de chegar em casa e dormir imediatamente, sem direito sequer a insônia.

 O que dizem os responsáveis por estudos psíquico-neurológicos sobre o que pode acontecer com um trabalhador nestas condições?

Vale destacar que estas condições vão durar pelo menos até 2016, ano em que as obras devem estar concluídas para as Olimpíadas. Se o trabalhador resistir esses dois anos, enfrentará, além da maratona para ir e voltar do trabalho, condições precárias em ônibus e trens lotados num calor infernal de verão e poucos transportes com ar condicionado.

Afinal, qual é a preferência do prefeito? Túneis para olimpíadas ou remédios para hospital e salário para professor?

Parece que a prioridade são os contratos com empreiteiras e não as condições básicas de saúde e educação para o povo.

E por que Eduardo Paes não demoliu a Perimetral antes, em seu primeiro mandato? Porque as consequências fariam com que ele não fosse reeleito.

Agora, a prioridade são os gastos para os Jogos Olímpicos, sob o argumento de que eles deixarão um legado para o povo. Nós vimos o legado deixado em países que foram sede recentemente, como a Espanha, a Grécia e, mais anteriormente, os Estados Unidos: crise econômica e população desempregada.