ASSINE
search button

A sucessão em poucas palavras

Compartilhar

O início de 2014 cria expectativas no cenário político, trazendo um clima de incerteza e de iminência de caos social no país. No âmbito da economia, o setor público consolidado – governos federal, estaduais e municipais e empresas estatais – registrou déficit primário de R$ 9,048 bilhões, pior resultado para meses de setembro desde 2001. A balança comercial registrou o pior déficit para outubro desde 2000 – US$ 224 milhões, e o investimento em infraestrutura continua escasso. Já temos certeza de que, por melhor que seja a nossa safra agrícola e nossa produção mineral, não conseguiremos exportar mais do que 70% por falta de estrutura. 

Junta-se a este cenário a intenção do Congresso de alterar a Lei de Responsabilidade Fiscal, que nos últimos anos vinha contendo a irresponsabilidade financeira de políticos que se preocupam apenas em não perder o próprio mandato.

No cenário político temos ainda uma oposição sem unidade, que se parte nas mais variadas tendências, da extrema esquerda - mais estatizante e intervencionista - à extrema direita, e que não vai conseguir ter um discurso que dê ao eleitorado a firmeza de um direcionamento político e econômico. 

Um candidato é assessorado por um antigo economista pobre, hoje "milhardário", que brinca com carros de corrida antigos e uma prole de cavalos puro-sangue, tudo isso na distante Irlanda. Quando era homem de Estado no Brasil, fazia parte do grupo que queria privatizar o Banco do Brasil e vender a Petrobras.

Um outro político sempre esteve implicado com precatórios, quase levando um "bancão" para o indiciamento.

Ainda no campo político, teremos também no início de 2014 a decisão do Superior Tribunal Federal (STF) no julgamento do mensalão. Certamente, o plenário estará tão dividido quanto a própria opinião pública. Neste resultado, torcemos para que as leis não sejam arranhadas.

Como se não bastassem todos estes aspectos que deixarão o país em estado de suspense e fragilidade institucional, viveremos ainda a expectativa para a Copa do Mundo. Não uma expectativa sadia, do campo esportivo, mas sim a  expectativa indignada dos que assistem aos "negociantes" do esporte, fundamentalmente os da Fifa e alguns também do Brasil, transformando o futebol brasileiro, principal paixão deste povo, num balcão para ricos. O povo, que deveria ser, ao lado do esporte, o protagonista deste momento, estará distante, afastado pelos preços proibitivos dos ingressos que elitizam estádios e pelas exigências de segurança da Fifa. Certamente, o povo não estará satisfeito.

Torcemos para que essa ira não se transforme em manifestações, que não haja crise na área econômica e política, que a oposição não radicalize tentando enxovalhar os escândalos. Se esse nível chegar aonde imaginamos, a oposição poderá ser ligada de Brasília aos buracos do metrô, passando por São Paulo e alguns hospitais do Sudeste.