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Os Escândalos

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As empresas campeãs, denominadas dessa forma pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para distinguir os grupos que teriam um tratamento diferenciado do governo e deveriam se tornar grandes competidores internacionais, estão afundando em fracassos após terem recebido R$ 18 bilhões do banco. O exemplo mais recente desses investimentos equivocados é o da Oi que não conseguiu se tornar uma multinacional genuinamente brasileira e acabou se fundindo com a Portugal Telecom.

A partir dessa fusão, a nova Oi passou a ter uma dívida de R$ 45,6 bilhões, e vai continuar com os mesmos sócios que desde o início das privatizações, em 1998, adquiriram 16 companhias telefônicas estaduais, que passaram a formar a empresa. Os mesmos sócios que são vistos pelo mercado como os principais responsáveis pela paralisia que tomou conta da companhia ao longo desses anos. Entre eles estão a Construtora Andrade Gutierrez e a La Fonte, que não atuavam no setor de comunicações. Embora não tenha se tornado uma “empresa campeã”, conforme alcunha do BNDES, a Oi coleciona escândalos desde sua criação.

Pouco antes da privatização, o ex-ministro Luiz Carlos Mendonça de Barros foi derrubado do cargo após um grampo telefônico ser divulgado em que ele convencia o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso de que os grupos Andrade Gutierrez e La Fonte seriam os melhores compradores para a empresa, dando a entender que o leilão teria cartas marcadas. Os dois grupos acabaram levando a empresa junto com fundos de pensão e uma boa ajuda do BNDES.

Já no governo Lula, novamente a Oi volta a ficar em evidência com a mudança feita no Plano Geral de Outorgas das Comunicações para que pudesse adquirir a Brasil Telecom e se tornar a primeira operadora de alcance nacional, o que antes não era permitido. Lula e Fernando Henrique, ambos de índole ilibada, foram convencidos e envolvidos num plano torpe cujos resultados aparecem agora. Resta saber se, sob a gestão da Portugal Telecom, e com a empresa voltando a respirar, será possível devolver os recursos públicos que o BNDES investiu.