ASSINE
search button

As perguntas que ainda não foram respondidas no caso Molina

Compartilhar

O episódio da retirada do senador boliviano Roger Molina da embaixada brasileira em La Paz é tão surpreendente quanto cercada de questões mal explicadas.

Ao justificar a ação, o diplomata brasileiro Eduardo Saboia - que comandou a operação de retirada de Molina - afirmou que o senador estava em condições subumanas na embaixada, onde se asilava há mais de um ano por enfrentar acusações por parte do governo boliviano, do qual é opositor.

Saboia foi mais além e afirmou que ele se sentia no DOI-Codi, comparando a embaixada com o órgão de repressão da ditadura.

Ora, se a embaixada era o DOI-Codi, que função Saboia exercia? A de carcereiro? Se as condições eram realmente subumanas no local, é inadmissível que o Brasil trate seus funcionários desta maneira, sujeitando-os a instalações com tal grau de precariedade.

Segundo Saboia, o senador boliviano estava em condições delicadas de saúde, em depressão e isolado, sem receber qualquer visita. Desde meados de 2012 a família de Molina mora na Basileia, no Acre, cidade que faz fronteira com a Bolívia. Uma proximidade física que seria conveniente em casos de eventuais encontros.

Eduardo Saboia assumiu como encarregado de negócios (substituto temporário do embaixador) na Bolívia há dois meses e, mesmo em tão pouco tempo, articulou uma estratégia complexa de retirada do senador, que incluía um percurso de 1.600 quilômetros de La Paz a Corumbá. Como, em tão curto período, Saboia traçou um plano tão minucioso e detalhista? Como ele conhecia tão bem o trajeto que deveria ser feito?

E mais: em que circunstâncias os fuzileiros navais foram acionados para atuarem como batedores durante a "fuga" de Molina?

Essas perguntas serão respondidas, ou Saboia pensa que a opinião pública é boba?