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Eduardo Paes: para Woody Allen, tudo; para os professores, nada

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Em tempos de luta dos professores do município por melhores salários, e jogo duro do prefeito do Rio, que anunciou o corte do ponto dos profissionais que estão em greve, surpreende a generosidade do mesmo Eduardo Paes quando os assuntos são cineastas mundialmente famosos ou empresários bilionários.

Em entrevista publicada neste domingo, no O Globo, Paes, sem papas na língua, afirma que pagaria "o que for para que Woody Allen venha filmar aqui". Sem cerimônia, o prefeito prossegue: "O Reage Artista vai me matar quando eu der os milhões que Woody Allen pedir. Mas eu pago 100% da produção." 

Atualmente, os professores do município - para quem os cofres da prefeitura não se abrem com tanta generosidade - ganham entre R$ 890,22 e R$ 1.112,79 mensais (hora/aula de R$ 9,89), e a prefeitura acena com reajuste de míseros 7,35%, enquanto a categoria pede 19%.

Se com os educadores Paes é inflexível, com empresários do porte de Eike Batista ele mostra uma  extraordinária capacidade de compreensão. Na mesma entrevista em que falou sobre Woody Allen, o prefeito mais uma vez surpreendeu. Ao ser questionado sobre o Teatro Glória que foi posto abaixo pelo empresário para a realização da reforma no hotel de mesmo nome, Paes descartou qualquer tipo de cobrança. "Não tenho como puxar a orelha dele, né? Ele tá quebrado... Para mim, esta história do Eike micou. Ele não vai fazer outro Teatro Glória não", disse, com absoluta naturalidade. 

O fato de o empresário ter se comprometido com a Secretaria de Cultura a construir um novo teatro virou pó, assim como o próprio Hotel Glória, cuja reforma foi suspensa e hoje se resume a um esqueleto à beira-mar.