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Em Londres, mesmo com decepções, Brasil está melhor do que em Pequim

Em dez dias de competição, o país tem 10 medalhas. Em Pequim, delegação tinha seis.

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Na primeira semana dos Jogos Olímpicos de Londres, muito se ouviu e foi dito a respeito de uma participação decepcionante da delegação brasileira. As desclassificações de Diego Hypólito na Ginástica e Fabiana Murer no salto com vara; a medalha de bronze para Cesar Cielo nos 50 metros rasos, prova na qual era campeão olímpico; a desclassificação no futebol e no basquete femininos, criaram um clima de pessimismo.

Nos números gerais, no entanto, o desempenho é melhor do que se imaginava, em especial ao comparar-se com as Olimpíadas de 2008, em Pequim. 

Nos últimos jogos Olímpicos, o Brasil demorou 5 dias para conquistar suas primeiras medalhas. Elas só vieram com os bronzes de Leandro Guilheiro e Kettelyn Quadros no judô. Em 2012, tivemos três - um ouro e dois bronzes - logo no dia seguinte à abertura dos jogos. Felipe Kitadai conquistou a primeira, de bronze, no judô. Na mesma modalidade, veio o ouro com Sarah Menezes e a terceira medalha foi por conta de Rafael Silva também nos tatames.

Em 10 dias de competição em 2012, o país conquistou dez medalhas ao todo: dois ouros, uma prata e cinco bronzes(além de mais dois garantidos no boxe). Em 2008, no mesmo período, o país tinha seis medalhas: apenas um ouro, de Cesar Cielo, e as demais de bronze. Nos últimos cinco dias de Olimpíadas na China é que o Brasil deslanchou conquistando mais nove medalhas. Entre elas, os ouros de Maurren Magi no salto em distância e do Vôlei feminino.

O saldo do Brasil nos Jogos Olímpicos de Londres, ao se completarem 10 dias nesta segunda-feira (06), é de 10 medalhas nas diversas modalidades:  2 de ouro - além de Sarah  tivemos o ginasta Arthur Zanetti nas argolas; 1 de prata, com Thiago Pereira nos 400 metros Medley na natação; e cinco de bronze, às de Rafael e Kitadai somaram-se as conquistadas por Mayra Aguiar( até 78kg) no Judô, Cielo nos 50 m rasos na natação e a dupla Robert Scheidt e Bruno Prada na classe Star da Vela. Dois novos bronzes, pelo menos, já foram garantido para Adriana Araújo, na categoria até 60 kg do boxe, e Esquiva Falcão, nos Médios. Mas ela pode ser até de ouro, dependendo da performance na semi-final.

Judô - É. até agora, o esporte que trouxe mais medalhas ao Brasil nestes jogos- foram quatro, alcançando a meta da Confederação Brasileira de Judô antes dos jogos - , incluindo o inédito ouro de Sarah Menezes, mesmo com as dificuldades existentes: “No Brasil, deveríamos ter uma estrutura em todos os estados, para que atletas não precisem largar suas famílias” deixou escapar a vencedora, na entrevista após o prêmio. Apesar da decepção com a eliminação de Leandro Guilheiro, o saldo do esporte nesta Olimpíada é positivo e traz esperança de novas medalhas nos jogos do Rio de Janeiro, em 2016. A média de idade dos medalhistas da equipe é por volta dos 22 anos, e, salvo alguma lesão grave, todos devem estar na disputa daqui a quatro anos.

Natação - O esporte não teve a mesma sorte do judô. Cielo, medalha de ouro em 2008 nos 50 metros rasos, frustrou torcedores ao conquistar apenas o bronze. Após a decepção, alegou cansaço por ter disputado também a prova dos 100 metros, na qual ficou em míseros sexto lugar. Thiago Pereira, com a prata nos 400 metros medley, obteve sua primeira medalha em Jogos Olímpicos. Os dois são os nomes mais fortes da natação brasileira para 2016, quando estarão, respectivamente, com 29 e 30 anos.  

Vela - Foram poucas novidades: Robert Scheidt conquistou uma medalha, desta vez de bronze, na classe Star da Vela, juntamente com seu parceiro Bruno Prada. Com este bronze, Scheidt acumula cinco medalhas olímpicas, desde 1992. Mesmo numero de prêmios conquistado em Olimpíadas por Torben Grael.  Porém, o velejador de 39 anos tem dois ouros(1996 e 2004) e duas pratas (2000 e 2008) contra apenas um segundo lugar de Grael (1984), tornando-se o maior medalhista olímpico brasileiro e o primeiro brasileiro a subir ao pódio em cinco olimpíadas seguidas. Scheidt espera em novembro um julgamento que definirá se a classe Star continuará nas disputas de Vela nos Jogos Olímpicos. Caso isso aconteça, o velejador poderá competir nos próximos jogos. 

Ginástica - A surpresa veio nas Argolas, com a inédita medalha de ouro para Arthur Zanetti. O atleta que cravou 15.900 pontos na final e venceu os favoritos Yibing Chen, da China, e Matteo Morandi, da Itália. Hoje com 22 anos, Zanetti foi medalha de Ouro na Universíade - olimpíadas dos universitários -, em 2011, e prata no Mundial de 2009. É o nome forte da nossa ginástica e,  certamente, lutará por medalhas em 2016.  

Boxe - A medalha veio após 44 anos de espera: Adriana Araújo, na categoria até 60 kg, venceu a marroquina Mahjouba Outil por 16 a 12. Com o resultado, a atleta já garantiu um bronze, igualando a conquista de Servílio de Oliveira, em 1968. A luta válida pela semifinal acontecerá na próxima quarta-feira, após definição no duelo entre a neozelandesa Alexis Pritchard e a russa Sofya Ochigava. Ela poderá repetir a façanha em 2016. O  médio Esquiva Falcão venceu o duelo contra o húngaro Zoltan Harcsa e também garantiu pelo menos mais um bronze para o esporte.

Nove medalhas ainda em disputa

Nos próximos dias - o encerramento será domingo (12) - as equipes brasileiras ainda disputarão, pelo menos, nove medalhas com algum chance de subir no pódio. Em destaque o futebol masculino e o vôlei de praia, favoritos na disputa pelo ouro. A dúvida é se a delegação brasileira alcançará o desempenho de 2004 em Atenas, quando o saldo final foi de cinco medalhas de ouro, em um total de 10 medalhas. As previsões não são tão sombrias.

Futebol masculino - Se o Brasil já era candidato ao ouro antes do início dos jogos, a medalha virou quase uma obrigação após a eliminação prematura da Espanha, campeã européia sub-21, assim como do Uruguai e da anfritriã Grã-Bretanha. O algoz dos donos da casa, a Coréia do Sul, é a adversária do Brasil na partida de terça-feira (07). Com a vitória, a seleção brasileira enfrentará o vencedor entre México e Japão. O time tem, literalmente, chance de ouro de conquistar o único título que ainda falta ao seu futebol.

Vôlei de praia masculino -  Alison-Emanuel estão bem cotados e são favoritos a chegar a final. Líderes do ranking mundial eles terão ainda pela frente os experientes Jacob Gibb-Sean Rosenthal.

Ricardo-Pedro Cunha foram eliminados nas quartas de final pelos alemães Brink-Reckerman.

Vôlei de Praia feminino - Juliana e Larissa, líderes do Ranking Mundial, são as únicas esperanças de medalha do Brasil na modalidade após a eliminação da segunda dupla brasileira, Maria Elisa e Talita. A dupla que permanece enfrentará as americanas April Ross e Jennifer Kessy nas semifinais. Suas adversárias, na etapa seguinte, sairá do duelo entre as americanas, bicampeãs olímpicas, Kerri Walsh e Misty May e as chinesas Sue e Zhang. Juliana e Larissa não estiveram em Pequim por conta de uma lesão em Juliana. Desta vez elas querem recuperar a olimpíada perdida. 

Vôlei masculino - Prata nos Jogos de Pequim, a equipe de Bernardinho precisa de uma vitória simples sobre a Alemanha, nesta segunda-feira, para garantir a segunda colocação no Grupo B. Há a possibilidade de liderança, ainda que improvável, caso a Tunísia derrote os Estados Unidos por 3 sets a 0 ou 3 sets a 1. Nas quartas de final, o país enfrentará a Argentina. A chance de uma medalha é grande.

Vôlei feminino - Após uma primeira fase complicada, quando a classificação foi obtida  apenas com a vitória sobre a Sérvia, a seleção brasileira ganhou moral para lutar pelo bicampeonato olímpico. Nas quartas de final encarará a Rússia, que venceu todos os jogos da fase classificatória. Vencendo, a semifinal do Brasil será com o Japão ou a China. José Roberto Guimarães, campeão com o time masculino em 1992 e com a seleção feminina em 2008, pode conquistar sua terceira medalha de ouro.

Basquete masculino - A equipe de Rubén Magnano, após duas vitórias pouco convincentes, encaixou seu melhor jogo na inacreditável derrota sobre a Rússia, no massacre sobre a China e na vitória desta segunda-feira (06) contra a Espanha. De volta aos Jogos Olímpicos após 16 anos, enfrentará a Argentina nas quartas de final. Com a melhor geração do basquete brasileiro em muitos anos, o time criou dificuldades ao Dream Team americano e pode sair das Olimpíadas de Londres com medalha no peito.

Hipismo - O hipismo brasileiro ainda tem boas chances na final da competição individual, quarta-feira (08). Álvaro Miranda, o Doda, passou pelas classificatórias sem faltas e é um dos favoritos ao pódio. Rodrigo Pessoa, ouro nas Olimpíadas de Atenas, também pode surpreender na final a ser disputada também na quarta.

Salto em distância feminino -  A campeã olímpica Maurren Magi continua favorita a uma medalha em Londres. Ela se preparou para a competição, conquistou o Ouro no Pan-americano em 2011 e tentará superar os 7 metros, o que não consegue desde a sua vitória em Pequim. Britney Reese, Chelsea Hayes e Janay Deloach, todas dos Eua, foram as melhores na fase de classificação e são suas principais adversárias.

Handebol feminino - Com uma campanha segura de quatro vitórias e apenas uma derrota, a seleção feminina pode surpreender no quadro de medalhas. O adversário nas quartas de final, no entanto, é a Noruega, campeã mundial em 2011. Passando pelas campeãs, as meninas enfrentarão Rússia ou Coréia do Sul nas semifinais.

Boxe - O Brasil chego às quartas de final com dois representantes, os irmãos Esquiva (médio) e Yamaguchi Falcão (meio-pesado). Esquiva já está na semifinal, após vencer o húngaro Zoltan Harcsa, e tem um bronze garantido. Yamaguchi enfrenta na quarta-feira(08) o cubano Julio Cesar La Cruz, campeão mundial em 2011 e algoz de Yamaguchi no Pan de Guadalajara, em 2011. O boxe brasileiro também conquistou medalha  com Adriana Araújo (até 60kg), e já tem o seu melhor desempenho na história dos jogos olímpicos.

Vela - A dupla na classe 470 Fernanda Oliveira e Ana Barbachan pode somar mais uma medalha para a modalidade em Londres, após a conquista do bronze por Robert Scheidt e Bruno Prada na classe Star. Após seis baterias disputadas do total de dez (mais a medal race), as brasileiras ocupam a quinta posição. A definição das medalhas será sexta-feira (10), com a disputa da medal race, etapa que soma pontos dobrados aos competidores.

Pentatlo moderno - Terceira colocada no ranking mundial, Yane Marques chega bem cotada em Londres após o terceiro lugar na Copa do Mundo em maio e a conquista do Campeonato francês, em julho de 2012. Disputando as cinco provas que fazem parte da modalidade (esgrima, natação, hipismo, corrida e tiro esportivo), Yane Marques tem oportunidade de trazer uma medalha inédita. 

Taekwondo - Após a medalha de bronze na última Olimpíada, o Brasil chega com boas chances em Londres. Medalhista em 2008, Natália Falavigna treinou forte no último ciclo olímpico e é favorita ao ouro na categoria até 67 kg. Diogo Silva, ouro no Pan-americano em 2007 e terceiro colocado no Pré-Olímpico de Baku, também pode trazer uma medalha.

Maratona Aquática - O nome de Poliana Okimoto é destaque entre as favoritas a conquistar o ouro na Maratona Aquática. Campeã mundial em 2009, tricampeã da Travessia dos Fortes, e sexta colocada na prova de 10 km no Mundial de Esportes Aquáticos em Shangai no ano passado, Okimoto pode se consolidar como atleta de elite nos esportes aquáticos.