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Chefe australiano culpa "vida fácil" após fracasso do país na natação

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O chefe da equipe de natação australiana, Leigh Nugent, tem criticado fortemente a "vida fácil" dos nadadores do país. Com o pior desempenho nos Jogos Olímpicos de Londres desde os Jogos de Atlanta, em 1996, Nugent tenta buscar explicações para a queda do desempenho australiano. O país tinha como meta ganhar 18 medalhas nas piscinas, mas ficaram com 12 no total.

Em entrevista a jornais australianos, Nugent questionou a ética do trabalho da equipe australiana, além de afirmar que existiam muitos "gatos gordos" nela.

Uma das últimas esperanças de medalha de ouro individual para o país, Eamon Sullivan disputou a final dos 50 m livre - vencida pelo francês Florent Manaudou, seguido pelo americano Cullen Jones e pelo brasileiro César Cielo -, mas ficou na última colocação. Sem medalhas de ouro no individual, a Austrália registra o pior resultado desde a Olimpíada de Montreal, em 1976.

Falando a jornais australianos, o chefe da equipe de natação afirmou que o país vive numa sociedade onde as pessoas buscam o caminho mais fácil. Ele criticou o trabalho dos treinadores, afirmando que o país tem pessoas preparadas para trabalhar, mas os técnicos têm de vender todo pacote de trabalho para eles.

Ele também afirmou que como a Austrália não possui uma população de 1,3 bilhão de pessoas como a China, tem de procurar com cuidado os atletas na população, buscando sempre os mais altos, mais magros e os que possuem amor suficiente para serem moldados pelo esporte.

Bastante duro em suas declarações, ele comparou os nadadores australianos com os chineses, afirmando que na China não existem gatos gordos que ficam dormindo. Ele ainda disse que as meninas da natação australiana estão carregando muito peso. Curiosamente, antes dos Jogos a tricampeã olímpica de natação, Leisel Jones, foi muito criticada por sua forma física. A ministra dos Esportes da Austrália, Kate Lundy, chegou a pedir desculpas formais para a atleta.

Ele ainda defendeu o desempenho de James Magnussen, um dos principais nadadores australianos e que possuía a melhor marca do ano nos 100 m livre. Ele afirmou que Magnussen se preparou muito bem fisicamente e elogiou a recuperação mental que o atleta teve após ficar com a prata na prova em que era considerado favorito. Antes dos Jogos, Magnussen contou que não estava conseguindo dormir direito, mas negou ansiedade ou nervosismo.

Curiosamente, pela primeira vez em 20 anos a Austrália foi para uma Olimpíada sem que um psicólogo assistisse a equipe de natação. Falando ao site news.com.au, o psicólogo Paulo Penna, ex-chefe da equipe de psicólogos da natação australiana, afirmou que ele poderia ter auxiliado Magnussen a lidar com a pressão e com o sono. Ele ainda se disse decepcionado por todos os psicólogos serem cortados e afirmou que com a ajuda deles os nadadores poderiam ter melhor resultado.

Dois importantes jornais australianos criticaram o desempenho dos atletas. Em sua capa, o jornal The Daily Telegraph coloca as declarações de Nugent afirmando que os nadadores australianos tem vida fácil. Já o The Sydney Morning Herald fez uma brincadeira colocando o desenho de um nadador com o uniforme da Austrália com uma medalha de lata no peito.

A natação tem suas quatro últimas finais dos Jogos de Londres neste sábado, a partir das 15h30. Ainda serão disputadas as finais dos 50 m livre feminino, 1.500 m livre masculino, revezamento 4x100 m medley feminino e revezamento 4x100 m medley masculino - que deve ser a última prova da carreira do nadador Michael Phelps, maior medalhista olímpico da história com 21 medalhas, sendo 17 de ouro.