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Diaspora Black: uma ferramenta de combate ao racismo

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Segundo uma pesquisa da Universidade de Harvard, a população negra tem 16% menos chances de ser aceita em acomodações nos EUA. O reflexo do racismo infelizmente não se reduz a uma realidade somente experienciada pelos afro-americanos. O impacto dessa estrutura de descriminação racial é um problema global e vivenciado pela população negra quando tenta viajar e romper as fronteiras da privação social. 

Em resposta à tentativa de delimitação das interconexões geográficas dos negros e negras, um grupo de jovens profissionais e com histórico de engajamento social em seu grupo étnico-racial decidiu dar uma alternativa para a comunidade negra que vive fora da África e quer ser bem recebido em suas viagens pelo mundo afora. Assim nasceu a plataforma Diaspora.Black,  uma construção coletiva, desenvolvida para  empreender através de uma economia colaborativa e com propósito social. O fortalecimento da cultura e da comunidade negra é central nesta iniciativa, idealizada como uma rede de engajamento entre os povos da diáspora africana.

A filosofia central do Diaspora.Black é de ser uma plataforma digital que conecta anfitriões e viajantes para oferecer serviços de hospedagem e experiências afrocentradas em diferentes cidades do mundo. Porém é também uma forma de valorizar as produções, o olhar e o saber de cada comunidade, ao mesmo tempo em que difunde o conhecimento sobre a participação de nossos ancestrais na construção social e histórica de cada lugar. Isso inspira outras pessoas a viajar e a reconhecer a trajetória da população negra, fortalecendo suas identidades.

Acessível pelo celular ou computador no site www.diaspora.black, a plataforma já possui demanda de cadastro em diferentes cidades de dez países, como França, Itália, EUA, Espanha, Nigéria, Inglaterra, Peru, México e Bolívia, além do Brasil. Em fase de testes, a plataforma não cobra qualquer tipo de taxa aos usuários. 

A plataforma também tem planos de realizar oficinas de capacitação aos anfitriões, foca em princípios e valores da tradição africana, como acolhida, coletividade, respeito e igualdade. Além disso, permitirá a produção de conteúdos relacionados à cultura, história e memória das populações negras em cada cidade.  Outro projeto da empresa é fomentar o acolhimento de pessoas em situação de vulnerabilidade social, como imigrantes refugiados, por exemplo. 

Para concluir a fase de testes da rede e permitir o desenvolvimento de outros serviços na plataforma, o Diaspora.Black busca recursos via financiamento coletivo. Os valores para financiamento variam de R$ 15 a R$ 1000, e serão devolvidos caso as metas não sejam alcançadas. Em contrapartida, os colaboradores podem receber diárias em imóveis já cadastrados e participar de oficinas temáticas sobre racismo, diáspora, cultura e filosofia africana. A campanha de financiamento está no ar até março no site www.benfeitoria.com/diasporablack

*Walmyr Junior é morador de Marcílio Dias, no conjunto de favelas da Maré, é professor, membro do MNU e do Coletivo Enegrecer. Atua como Conselheiro Nacional de Juventude (Conjuve). Integra a Pastoral Universitária da PUC-Rio. Representou a sociedade civil no encontro com o Papa Francisco no Theatro Municipal, durante a JMJ