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Por todos os dias com direitos para todo mundo

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Este próximo dia 10 de dezembro será o Dia Internacional dos Direitos Humanos. A data foi instituída em 1950, dois anos após a Organização das Nações Unidas (ONU) adotar a Declaração Universal dos Direitos Humanos como marco legal reguladordas relações políticas e sociais entre os governos e as pessoas. Mais do que celebrar, a data tem por finalidade gerar uma práxis universal pela efetivação dos direitos humanos.

Consolidar os direitos fundamentais da pessoa humana tem sido uma tarefa nada fácil. No Brasil, vemos as mais acentuadas desigualdades sociais e econômicas que criaram uma segregação e um sectarismo no território nacional. As políticas vigentes não são suficientes para garantir que o principio de isonomia (igualdade) seja garantido a todos os cidadãos. A promoção e a defesa dos direitos humanos hoje são limitadas e dependem, diretamente, de esforços redobrados dos movimentos sociais pela reivindicação dos respectivos direitos. 

Os debates em torno dos Direitos dos Humanos não mobiliza a sociedade como um todo. A desvalorização da vida se tornou natural. A violência é banal e as mazelas da pobreza não incomodam mais o ser humano. Vemos constantemente indivíduos desprezarem as pessoas moradoras de rua, o escarnio com idosos e as chacotas com a pessoa com deficiência. 

Para o Padre José Abel de Sousa, diretor da Pastoral universitária, essa história ainda pode ser reescrita. Sua experiência na PUC-Rio tem trazido outras perspectivas para a sociedade. Formando alunos da universidade para serem cidadãos preocupados com a garantia e defesa dos Direitos Humanos, o trabalho realizado vem mudando muitas realidades.

“Na Pastoral Universitária da Puc-Rio desde 2013 temos trabalhado os valores éticos e cristãos a partir dos Direitos Humanos. Temos feito isso de várias maneiras, uma delas é o Projeto de Vida, um curso de extensão que vale como atividade completar para os estudantes de todas as graduações. Nesse curso de 40/h semestrais nós tratamos alternadamente de facetas dos Direitos Humanos, um semestre é a valorização da Mulher, buscando suscitar nos estudantes a consciência de que o machismo é nocivo inclusive para os homens. Outro semestre buscamos trabalhar o Dialogo Inter-Religioso por razões óbvias dentro de uma sociedade cada vez mais plural e por fim a Dignidade no Trabalho, saltam aos olhos que todos esses são temas de grande relevância. Nosso objetivo é que o universitário possa agregar a excelência acadêmica, técnica e cientifica valores que poderão favorecer que sejam futuros profissionais comprometidos com uma sociedade na qual haja mais solidariedade. Nosso intento é, como já diz o nome do nosso principal curso, Projeto de Vida que os universitários incluam nos seus Projetos de Vida não apenas ganhar fama, dinheiro e poder, mas, que sejam pessoas com uma consciência espiritual, política e social crítica e aguçada,”, afirma Padre Abel.

Outras narrativas também são encaradas como projetos que desnaturalizam da banalidade da vida humana. O professor Mauricio Rossi vem protagonizando uma luta dentro das salas de aula que traz muitos frutos para a sociedade. Dando aula em zonas de conflitos territoriais na Zona Norte, percebeu que só com um outro modelo educacional seria possível mudar as estatísticas e a realidade das juventudes marginalizadas das periferias e favelas do Rio de Janeiro. 

Mauricio já levou seus alunos para audiências públicas, atos e manifestações em defesa dos direitos universais e nessa ultima semana mobilizou seus alunos para estarem na construção do Festival ‘Todo Mundo Tem Direito’ que será realizado Neste dia 10, no Parque de Madureira. 

Segundo Mauricio “a Anistia Internacional convocou vários militantes de diversos coletivos para construir o festival de direitos humanos no dia 10, daí nos mobilizamos. A ideia foi de fazer o evento em Madureira por conta das favelas ao redor e por ser perto da baixada. Ambos locais que sofrem violação de direitos humanos frequentemente. Temos muitas escolas ao redor e dialogamos com algumas delas para liberarem os estudantes para participarem do festival Eu estou aproveitando o festival para inserir meus alunos em contato com estudantes de outras escolas para construir uma escola mais democrática através da experiência neste festival”.

Convidamos a população brasileira, para que possamos buscar uma reflexão mais profunda sobre o papel do cidadão e do Estado, pois está em jogo os direitos das mulheres, dos indígenas, da juventude, dos trabalhadores, das muitas formas de família, dos usuários de saúde pública, dos estudantes, das religiões. Precisamos exercer uma prática que vá promover a efetivação das garantias consolidadas pela Declaração dos Direitos Humanos, papel que cabe a nós. Essa é uma oportunidade para analisar o que já foi feito e programar o que temos ainda que fazer. Um chamado para que, não só nós brasileiros, mas todo o mundo, se reinventem nas lutas pelos compromissos humanos, éticos e sociais, por meio de uma nova cultura política.

O festival de cultura pela efetivação dos Direitos Humanos ‘Todo Mundo Tem Direito’ será dia 10/12 a partir das 15h, no Parque Madureira (próximo à Praça do Samba e à Nave do Conhecimento). A entrada é franca.

 Chega junto! Acompanhe toda a programação em: 

httpss://www.facebook.com/events/1007708572624548/

*Walmyr Júnior é morador de Marcílio Dias, no conjunto de favelas da Maré, é professor e representante do Coletivo Enegrecer como Conselheiro Nacional de Juventude (Conjuve). Integra a Pastoral Universitária da PUC-Rio. Representou a sociedade civil no encontro com o Papa Francisco no Theatro Municipal, durante a JML.