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A reprodução da velha política e as alianças no Rio de Janeiro

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Foi materializada no ultimo domingo (22) a já esperada união dos representantes de tudo que é conservador e ultrapassado na política no Estado do Rio de janeiro. Após a nova aquisição, o consórcio que disputa a 3ª eleição para governar o estado deixa nítido em que lado está nesse jogo de cartas marcadas.

A aliança agrupa os seguintes partidos: DEM, PDT, PEN, PMN, PP, PPS, PRP, PRTB, PSC, PSD, PSDB, PSDC, PSL, PTB, PTC, PTN e Solidariedade. Esses partidos citados estão à frente de 57 prefeituras dentre os 92 municípios do Estado do Rio. Porém não são todos os prefeitos que estão a favor dessa histórica oligarquia.

Essa evidente união é o que temos de pior na política fluminense. Interesses privados estão sobrepondo o interesse do povo e possibilidades de projetos políticos que possam favorecer a população vão passar longe dos pronunciamentos nos mais de 10 minutos de propaganda eleitoral.

Não podemos esquecer que vimos um filme parecido nas eleições passadas. A família Maia e a família Garotinho se uniram para a fracassada candidatura na disputa da cidade do Rio de Janeiro. Agora a oportunista família Maia muda de lado e vira o elo entre os tucanos e o consórcio privado capitaneado pelo PMDB nas figuras de Cabral e Pezão.

Segundo o professor e ex-deputado estadual Robson Leite (PT), “os prefeitos do estado do Rio de janeiro estão se vendo obrigados a apoiar a aliança montada. Digo isso porque o governo do Pezão/Cabral não tem critérios republicanos na distribuição dos recursos financeiros.” Para Robson, “todos os programas são dados para o amigo do rei, desta forma os investimentos do Governo já estão pré-definidos para as prefeituras que vão apoiar a candidatura do PMDB, ou seja, esses recursos só são passados para quem é amigo do governador.”

Para Robson Leite, a crise instalada no Estado do Rio é fruto de uma política que bate em professor e criminaliza a pobreza e a juventude. “O mandado de segurança coletiva foi um escândalo, uma aberração. Parte do princípio de que quem mora em favela é bandido. Algo terrível e lamentável. Só olhar para as intervenções do governo do estado e da prefeitura, que ao invés de favorecer o interesse público só privilegia o interesse privado. Temos como exemplo o metrô que vai ligar a Barra à Ipanema. O gasto é de 8 bilhões de reais. Muito menos poderia ter sido investido no sistema ferroviário, beneficiando muita gente com um programa de mobilidade urbana como o trem de superfície. Esse metrô não atende os 2 milhões de pessoas que circulam entre o Rio de Janeiro e a Baixada Fluminense.”

Completando um ano após as jornadas de junho, entendemos que a população está cansada dessa velha cultura política e que o voto de cabresto, prática desse grupo político em xeque, só representa a era colonial que um dia vivemos. O povo quer o novo! Quer um governo que seja transparente e democrático, que seja conectado com as necessidades e demandas da população.

* Walmyr Júnior Integra a Pastoral da Juventude da Arquidiocese do Rio de Janeiro, assim como a equipe da Pastoral Universitária Anchieta da PUC-Rio. É membro do Coletivo de Juventude Negra - Enegrecer. Graduado em História pela PUC-RJ e representou a sociedade civil em encontro com o Papa Francisco no Theatro Municipal, durante a JMJ