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Papa pede a religiosos que deixem "clausura" para pregar o Evangelho

Francisco citou Madre Teresa de Calcutá ao falar de vocação

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Diante milhares de religiosos, entre bispos e padres, o Papa Francisco celebrou uma missa na manhã deste sábado (27), na Catedral Metropolitana do Rio de Janeiro, no Centro, enfatizando a importância de a Igreja sair da "clausura" para buscar fiéis.

"Não podemos ficar enclausurados na paróquia, em nossa comunidade, quando tantas pessoas estão esperando o Evangelho", ressaltou Francisco durante a missa.

O pontífice destacou ainda  que bispos, seminaristas e religiosos devem anunciar o Evangelho aos jovens para que estes encontrem Cristo e se transformem em construtores de um mundo mais fraterno.

Francisco citou ainda Madre Teresa de Calcutá ao falar sobre vocação religiosa: "Devemos ser muito orgulhosos de nossa vocação, já que ela nos dá a oportunidade de servir a Cristo nos pobres".

O Papa afirmou também que é nos núcleos mais pobres que é preciso buscar Cristo. "É nas favelas, nas comunidades carentes, nas vilas miséria onde é preciso ir buscar e servir a Cristo. Devemos ir a eles como o sacerdote se aproxima do altar: com alegria", declarou.

O auxílio aos jovens, por parte dos bispos e sacerdotes, para que  que "arda em seus corações o desejo de serem missionários de Jesus" também foi enfatizado por Francisco, que acrescentou que muitos jovens poderão se sentir um pouco assustados perante esse convite, pensando que ser missionários significa abandonar seu país, a família e os amigos. Neste ponto, o Papa lembrou que seu sonho era ser missionário no Japão, mas que Deus lhe mostrou que sua missão estava em sua terra.

"Ajudemos os jovens a perceber que ser discípulos missionários é uma consequência de ser batizados, é parte essencial do ser cristão, e que o primeiro lugar onde se há de evangelizar é a própria casa, o ambiente de estudo ou de trabalho, a família e os amigos", afirmou.

Francisco voltou a enfatizar a importância de a Igreja agir para servir e transmitir o Evangelho. "Não podemos ficar enclausurados na paróquia, em nossa comunidade, quando tantas pessoas estão esperando o Evangelho. Não é um simples abrir a porta para acolher, mas sair por ela para buscar e encontrar. Pensemos com decisão na pastoral desde a periferia, começando pelos que estão mais afastados, os que não costumam frequentar a paróquia. Também eles estão convidados à mesa do Senhor."

Francisco denunciou mais uma vez a cultura da exclusão, a "cultura do descarte" da sociedade atual, na qual não há lugar, "para o idoso nem para o filho não desejado, e não há tempo para ficar com aquele pobre à beira do caminho".

"Às vezes parece que, para alguns, as relações humanas estão reguladas por dois 'dogmas': a eficiência e o pragmatismo. Queridos bispos, sacerdotes, religiosos e seminaristas, tenham a coragem de ir contra a corrente. O encontro e a amparada de todos, a solidariedade e a fraternidade, são os elementos que fazem nossa civilização verdadeiramente humana", destacou.

Antes da fala do Papa, o arcebispo do Rio, dom Orani Tempesta, fez um discurso destacando a importância daquele momento.

Veja, na íntegra, o discurso de dom Orani:

Santo Padre, 

Agradeço-lhe por este encontro com os bispos e representantes dos presbíteros, religiosos, religiosas e seminaristas. Nosso coração se enche de alegria e gratidão, pois sabemos que este momento foi da vontade de Vossa Santidade, manifestando atenção e afeto para conosco.

Temos inscritos na Jornada, aproximadamente, 655 bispos, 8.000 presbíteros, 700 diáconos, 9.000 religiosas e 7.000 seminaristas. Muitos outros vieram sem se inscrever e outros não se identificaram no ato de inscrição. Por isso, deve ser maior o número dessas presenças. Aqui temos uma bela parcela representando os homens e as mulheres que, deixando tudo, seguiram a Jesus Cristo, Nosso Senhor. Por questões de capacidade e de segurança nem todos puderam estar aqui neste momento.

Queremos todos, como diz o documento da V (quinta) Conferência Geral do Episcopado da América Latina e do Caribe, ser, ao mesmo tempo, mestres e discípulos e, neste momento, como discípulos, queremos ouvir o sucessor de Pedro e, dele e com ele, assumir com intensidade cada vez maior a missão que nos foi confiada. 

Sabemos, querido Papa Francisco, que da Conferência de Aparecida brotou um novo entusiasmo em nossas comunidades, graças também ao empenho de Vossa Santidade na época como presidente da comissão de redação final do documento. O tema desta Jornada Mundial da Juventude foi escolhido pelo então Papa Bento XVI, como expressão desse encontro de 2007, em Aparecida, e, pode auxiliar outras comunidades pelo mundo, a começar pelos jovens: “Ide, e fazei discípulos entre todas as nações”.

Estamos na Catedral de nossa Arquidiocese! Aqui é a nossa Igreja Mãe! Sintam-se todos acolhidos em nome do Senhor, sob a intercessão do nosso padroeiro, São Sebastião.

Daqui desta Igreja Mãe desta Arquidiocese, queremos ouvir o Santo Padre o Papa Francisco, e, temos certeza que esta celebração será de renovação para todos nós que, iluminados pela Palavra de Deus, buscaremos uma ação pastoral que foque no encontro com os que estão nas periferias.

Santo Padre, uma vez mais receba a nossa gratidão por nos proporcionar este encontro eucarístico. Neste Ano à Luz da Fé, pedimos que nos confirme nos propósitos de consagração e abençoe nosso serviço na construção do Reino de justiça e de paz, de fraternidade e de esperança. E que o nosso testemunho fraterno desperte nos jovens o desejo de dizer SIM ao Mestre Jesus, e de segui-Lo fielmente por toda a vida.