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E a população?

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Comecei minha vida pública com a bagagem de minha experiência sindical. A partir da luta na saúde firmei  a convicção de que a mobilização é instrumento poderoso quanto se faz ausente o diálogo.

Em geral, as greves colocam reivindicações justas e defensáveis. Derivam, muitas vezes, de descasos históricos e  da falta de pontes adequadas para construção de uma correta negociação, ou quando uma liderança perde a legitimidade e comando do processo negocial junto à categoria que representa.

Os trabalhadores representam a grande força na produção ou nos serviços. Devem ter direitos e deveres e, no segundo caso, prestar serviços ao povo. Merecem respeito dos seus patrões, públicos ou privados. Merecem ser ouvidos por estes e negociar para evitar que serviços essenciais faltem à população, que a cada dia enfrenta ausência de transporte, de escolas ou de atendimento de saúde. O povo trabalhador não quer e não merece viver essas dificuldades ou sair de um movimento grevista com aumento da passagem do seu transporte, ou com perda de ano letivo de seus filhos.

O caos hoje instalado no Rio de Janeiro nao pode ser argumento para violência, venha ela de onde vier. A população não quer assistir novas cenas de truculência das forças de segurança, nem novas mortes de cinegrafistas.

Devemos encarar esse momento com responsabilidade e serenidade, pois a desmedida sensação de descontrole associado aos grandes eventos, como percebemos na grande mídia, não nos levarão a comportamentos minimamente civilizados, como vem acontecendo recentemente nas ruas e nos bairros de diversas regiões do país.

Esse impasse só tem um caminho: a negociação.  Ela envolve empregados, empregadores e deve ser mediada pelo poder público, patrão ou concedente de serviços.

As informações desencontradas tumultuam ainda mais o processo. Para que ele tenha êxito é preciso ter em mente os direitos dos trabalhadores, da sociedade e combiná-los com as possibilidades reais do processo de negociação.

A população espera soluções rápidas. Vamos a elas!

*Jandira Feghali é médica, deputada federal pelo PCdoB-RJ e líder da bancada na Câmara.