ASSINE
search button

Israel e Hamas acertam cessar-fogo na Faixa de Gaza

Compartilhar

Hamas e Israel acertaram um cessar-fogo na madrugada deste sábado (horário local), anunciou um porta-voz do movimento islâmico, após quatro palestinos e um soldado israelense morrerem em uma escalada da violência nesta sexta-feira (20).

"Graças aos esforços internacionais e da ONU, alcançamos (um acordo) para retornar ao estado de calma anterior entre a ocupação (israelense) e os grupos palestinos", disse em comunicado o porta-voz do Hamas Fauzi Barhum.

Israel não confirmou o acordo, o segundo entre as duas partes em uma semana.

Um soldado israelense foi morto por disparos palestinos durante uma operação nesta sexta-feira, anunciou o Exército israelense em comunicado.

Se trata do primeiro soldado israelense morto nos arredores da Faixa de Gaza desde a guerra de 2014, informou à AFP um porta-voz militar.

Em resposta à morte de seu soldado "em um incidente" perto do enclave palestino, o Exército israelense informou ter realizado uma série de bombardeios aéreos "contra alvos militares". O céu de Gaza ficou cheio de bolas de fogo e espessas nuvens de fumaça.

Dois palestinos morreram perto de Khan Yunis, no sul da Faixa de Gaza, no ataque israelense contra um posto de observação do Hamas, segundo fontes de segurança e do ministério de Saúde de Gaza. Um terceiro palestino foi abatido em um bombardeio em Rafah, também no sul da Faixa de Gaza, acrescentou o ministério.

Um quarto palestino morreu por disparos de soldados israelenses na zona fronteiriça a leste da cidade de Gaza, segundo o ministério de Saúde.

A situação em Gaza ficou particularmente tensa desde o dia 30 de março, quando palestinos começaram a protestar regularmente na zona fronteiriça para denunciar o bloqueio imposto pelas autoridades israelenses e exigir o retorno dos refugiados palestinos expulsos da Palestina em 1948 com a criação do Estado de Israel.

Pelo menos 149 palestinos foram mortos pelo Exército israelense e mais de 4.000 ficaram feridos por tiros desde então.

Israel e Hamas se enfrentaram em três guerras desde 2008.

- Evitar a guerra -

O enviado especial da ONU para o Oriente Médio, Nickolay Mladenov, pediu moderação a Israel e ao Hamas.

"Todos na Faixa de Gaza devem se afastar do precipício. Não na próxima semana. Não, amanhã. IMEDIATAMENTE", escreveu Mladenov em sua conta Twitter. "Os que querem provocar uma guerra entre palestinos e israelenses não devem conseguir isso", acrescentou.

À noite (horário local), foram disparados três foguetes de Gaza para Israel, segundo o Exército. "Se o Hamas continuar com seus disparos de foguetes, Israel reagirá com muito mais força do que eles [dirigentes do Hamas] pensam", avisou o ministro de Defesa israelense, Avigdor Lieberman.

Israel se incomodou especialmente nos últimos tempos pelos morteiros e bolas incendiárias que, segundo o governo hebreu, foram lançados por centenas de manifestantes de Gaza.

No último fim de semana, Israel e Hamas viveram o confronto mais expressivo desde a guerra travada em 2014. Israel realizou dezenas de ataques aéreos em resposta aos projéteis incendiários e matou dois adolescentes palestinos. Depois disso, foram lançados cerca de 200 foguetes e obuses do enclave em direção a Israel.

- Reforço do bloqueio -

O ministro da Defesa israelense, Avigdor Lieberman, ameaçou, em várias ocasiões nos últimos dias, ordenar uma operação de grande envergadura na Faixa de Gaza caso o Hamas não cesse o lançamento de morteiros e bolas incendiárias.

Além disso, Israel reforçou nesta semana o bloqueio sobre a Faixa de Gaza.

O ministério da Defesa suspendeu neste domingo os abastecimentos de combustível e de gás por Karem Shalom, o único ponto de passagem de mercadorias entre Israel e esse território palestino.

Israel reduziu a zona marítima aberta aos pescadores de Gaza.

Há mais de dez anos, o enclave palestino situado entre Israel, Egito e o mar Mediterrâneo está submetido a um rigoroso bloqueio terrestre, marítimo e aéreo imposto por Israel.

O reforço desse bloqueio intensifica a pressão sobre o Hamas em um território em que cerca de 80% dos dois milhões de habitantes dependem da ajuda humanitária, segundo o Banco Mundial.

my-jlr/iw/cmk/jvb/eg/cc