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Rebeldes sírios se rendem no sul da Síria

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Rebeldes do sul da Síria aceitaram nesta quinta-feira (19) abandonar a província de Quneitra, vizinha da parte das Colinas de Golã anexada por Israel, após vários acordos que permitem ao regime retomar o controle de setores estratégicos da região.

O anúncio aconteceu pouco depois da evacuação de duas localidades governamentais cercadas pelos insurgentes na província de Idlib, no norte da Síria, acordada na terça-feira.

Negociados por enviados da Rússia, grande aliada do regime, os dois acordos constituem nova vitória para o presidente Bashar al-Assad na guerra que arrasa o país há mais de sete anos.

Utilizando uma estratégia que combina violentas ofensivas com negociações, as forças do governo já retomaram mais de 90% da província de Deraa, onde ocorreram os primeiros protestos contra o regime em 2011.

Após a reconquista de Deraa, a aviação síria passou a bombardear a província de Quneitra.

Submetidos a uma intensa pressão, os rebeldes aceitaram ceder Quneitra e a zona tampão às forças governamentais, indicaram nesta quinta-feira à AFP o Observatório Sírio para os Direitos Humanos (OSDH) e um rebelde.

O acordo prevê "um cessar-fogo, o abandono (por parte dos rebeldes) da artilharia média e pesada e o retorno das instituições governamentais" a Quneitra (sudoeste), afirmou o diretor do OSDH, Rami Abdel Rahman.

Os insurgentes que se negarem a entregar as armas serão transferidos para zonas sob controle rebelde na província de Idlib.

O acordo não inclui os membros do grupo extremista islâmico Hayat Tahrir al-Sham, ex-facção da Al-Qaeda na Síria.

A agência oficial Sana afirmou que o acordo permitirá ao regime recuperar suas posições de antes de 2011, quando começou a guerra, sem fornecer mais detalhes. Desde a guerra de 1967, Israel ocupa 1.200 km2 da meseta das Colinas de Golã, cuja anexação em 1981 nunca foi reconhecida pela comunidade internacional.

Com o apoio de seus aliados Irã e Rússia, Bashar al-Assad está determinado a retomar o controle de todo país. Atualmente, controla 60% do território sírio.

Em outra frente, nesta quinta-feira terminou a evacuação dos 6.900 habitantes das localidades pró-regime de Fua e Kafraya, em Idlib, sitiadas desde 2015 pelos rebeldes e jihadistas.

A fase final da evacuação começou pouco depois da meia-noite. Durante várias horas, 120 ônibus deixaram as duas aldeias e se dirigiram para Al-Eis, localidade que separa Idlib e o sul de Aleppo, controlado pelo governo.

"Deixamos nossas casas. Algumas crianças nunca viram uma maçã em suas vidas", declarou à AFP Chilian Chuweich, moradora de Fua evacuada com seu marido e dois filhos.

"Após a chegada dos primeiros ônibus em território do regime, este começou a libertar os prisioneiros, conforme o acordado", declarou Abdel Rahman à AFP.

"Os combatentes da Hayat Tahrir al-Sham entraram nas duas localidades" após o fim da evacuação, informou uma fonte do grupo extremista.

Segundo o OSDH, o acordo concluído por russos e turcos estabelece que as tropas do governo não podem atacar a província de Idlib, na fronteira com a Turquia, mas rodeada por territórios sob controle do regime.

Organizações de direitos Humanos alertaram que as evacuações podem equivaler a deslocamentos forçados.

Deflagrada em 2011 após a repressão sangrenta de manifestações contra Assad, a guerra civil causou a morte de mais de 350.000 pessoas e milhões de deslocados e refugiados.

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