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Ex-premiê Nawaz Sharif é detido ao voltar para o Paquistão

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O ex-primeiro-ministro paquistanês Nawaz Sharif e sua filha, Maryam, condenados por corrupção, foram detidos ao retornar ao seu país nesta sexta-feira (13), informaram as autoridades.

A duas semanas das eleições legislativas de 25 de julho, Sharif e Maryam, que chegaram a Lahore a bordo de um voo provenientes de Abu Dhabi, "foram detidos" pelas autoridades anti-corrupção e levados à capital, Islamabad, segundo um comunicado da Prefeitura de Islamabad.

Os dois foram condenados, respectivamente, a dez anos e sete anos de prisão na última sexta-feira, quando se encontravam em Londres, onde a mulher de Sharif faz tratamento para um câncer.

Eles anunciaram que voltariam na tarde desta sexta ao seu reduto político de Lahore e pediram aos seus partidários que os recepcionassem no aeroporto.

Cantando e dançando, cerca de 15.000 simpatizantes se alinharam na Mall, a principal avenida de Lahore, para aguardar a chegada de Sharif, informou um jornalista da AFP no local.

Lahore é capital da província de Punjab, a mais populosa do Paquistão e um reduto do PML-N, o partido de Sharif.

"Sei que me levarão diretamente à prisão", havia antecipado Sharif em um vídeo difundido nesta sexta-feira por seu partido, onde aparece sentado em um avião.

"Quero dizer aos paquistaneses que o fiz por vocês (...) Caminhem comigo, juntem suas mãos às minhas e vamos mudar o destino do país", afirmou Sharif, ainda muito influente no país.

A condenação, que seu clã denomina de "política", aumentou as tensões antes das legislativas de 25 de julho neste país, que o PML-N, no poder desde 2013, espera vencer.

Uma exasperação acentuada na quinta-feira, quando o irmão de Nawaz e líder do partido, Shahbaz Sharif, afirmou que "centenas de militantes" do PML-N foram detidos nos últimos dias para impedir que vão expressar seu apoio a Sharif.

"O mundo inteiro sabe que apontam para o PML-N", acrescentou, denunciando uma "fraude pré-eleitoral escandalosa".

- Mobilização -

Parte da cidade de Lahore foi isolada. Quase 8.000 agentes foram mobilizados, segundo o chefe da Polícia, Sajjad Hasan Man.

Apesar dessas medidas, muitos simpatizantes de Sharif foram a Lahore. "Vamos ao aeroporto e se alguém tentar nos deter, estamos dispostos a ir para prisão", declarou um deles à AFP, Khurram Ehsan, de 36 anos.

Nawaz Sharif foi destituído do cargo de primeiro-ministro pelo Supremo Tribunal em julho de 2017 depois que se soube que sua família é proprietária de luxuosos bens imobiliários através de holdings off-shore.

Uma corte paquistanesa o proibiu mais tarde dirigir o partido e participar de eleições. Seu grupo político nega que ele tenha cometido malversação e afirma que Nawaz Sharif é vítima de uma conspiração do poderoso exército paquistanês.

O analista paquistanês Zahid Husain afirma que o confronto entre as forças armadas e Nawaz Sharif vem de longe.

O retorno de Sharif parece motivado pelo desejo de salvar o partido após uma campanha eleitoral ineficaz - desde sua partida a Londres em meados de junho - e uma queda nas pesquisas sobre intenção de voto.

"Está claro que as perspectivas do partido (nas eleições) seriam piores se ele não voltasse", considera o analista.

O principal rival do PML-N nas eleições é o PTI, dirigido pelo ex-campeão de cricket Imran Khan.

Antes da condenação dos Sharif, muitos observadores expressaram sua preocupação ante as denúncias de casos de sequestros, pressões, ameaças aos meios de comunicação ou a ativistas políticos. As suspeitas recaem sobre o exército, que desmente o envolvimento.

Nesta sexta-feira, dois atentados foram executados contra alvos políticos - um comício eleitoral em Mastung (sudoeste) e o comboio de um candidato perto de Bannu (noroeste) -, totalizando até agora 132 mortos, segundo as autoridades.