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Macron e 'populistas' entram em rota de colisão na UE

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Os países do grupo Visegrád, que reúne Polônia, Hungria, República Tcheca e Eslováquia, anunciaram que não participarão de uma cúpula informal da União Europeia convocada para o próximo domingo (24) para discutir a crise migratória.

Em uma coletiva de imprensa conjunta, os primeiros-ministros da Polônia, Mateusz Morawiecki, e da Hungria, Viktor Orbán, disseram que a reunião é "incompreensível", já que acontecerá quatro dias antes do encontro do Conselho Europeu, que reúne os líderes dos países do bloco.

"A Comissão Europeia não tem competência para organizar reuniões dos premiers europeus, essa tarefa cabe a Donald Tusk [presidente do Conselho Europeu]", disse Orbán. Os quatro países representam o principal entrave ao sistema de redistribuição de refugiados imposto pela UE em 2015 e que até agora não decolou.

Após a notícia do boicote à cúpula informal de domingo, o presidente da França, Emmanuel Macron, afirmou que os populistas são a "lepra" da Europa. "Você os vê crescer por toda a Europa, em países onde acreditávamos que fosse impossível vê-los reaparecer. Nossos amigos vizinhos dizem as piores coisas, e nós nos acostumamos", declarou.

Macron não citou países, mas as frases foram interpretadas também como uma crítica à Itália, cujo ministro do Interior, Matteo Salvini, defende uma aproximação com o Visegrád, embora os membros do grupo se recusem a receber refugiados abrigados em solo italiano.

"Macron disse que quem não acolhe é um populista leproso. Mas eu não aceito lições de um país que tem o Exército na fronteira italiana. Se a França receber 10 barcos da Líbia, voltaremos a falar", afirmou. Já seu aliado no governo Luigi Di Maio, ministro do Trabalho e líder do antissistema Movimento 5 Estrelas (M5S), disse que as palavras do presidente da França são "ofensivas" e "hipócritas".

Mais cedo, o chefe da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, havia dito que era importante ter uma abordagem conjunta sobre a crise migratória e que "este não é o momento para nacionalismos", mas seu apelo caiu no vazio.

Até o momento, 13 dos 28 países do bloco confirmaram presença na cúpula de domingo: Itália, Alemanha, França, Grécia, Espanha, Malta, Holanda, Áustria, Bulgária, Bélgica, Eslovênia, Croácia e Dinamarca.