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Novo governo da Catalunha toma posse

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O novo governo catalão dirigido pelo separatista Quim Torra tomou posse neste sábado em uma cerimônia cheia de referências aos políticos na prisão ou no exterior e que põem fim à intervenção da autonomia decretada por Madri depois da fracassada tentativa de autonomia de outubro.

Os 13 conselheiros, sete homens e seis mulheres, escolhidos por Torra, um aliado do ex-presidente Carles Puigdemont, prestaram juramento no Palácio da Generalitat de Barcelona, sede do governo regional.

Quim Torra aproveitou a ocasião para pedir ao novo presidente do governo espanhol, o socialista Pedro Sánchez - que também tomou posse neste sábado - a "assumir riscos".

"Presidente Pedro Sánchez, vamos nos falar, vamos tratar desta questão, vamos assumir riscos, o senhor e nós. Temos que nos sentar à mesma mesa e negociar de governo para governo. Esta situação que vivemos já não pode durar nem mais um dia", afirmou.

O socialista Sánchez é o novo presidente do governo espanhol depois que o conservador Mariano Rajoy, cujo Partido Popular foi condenado pela justiça em um escândalo de corrupção, foi derrubado na sexta em uma histórica moção de censura.

Sánchez, professor de economia de 46 anos, prometeu "restabelecer pontes" e "normalizar as relações" com o novo governo da Catalunha, uma região de 7,5 milhões de habitantes e detentora de 20% do PIB espanhol.

Alguns dos integrantes do novo governo catalão usava a cor amarela, que simboliza o desejo de autonomia.

"Promete cumprir fielmente em conformidade com a lei das obrigações do cargo que assume a serviço da Catalunha e com lealdade ao presidente da Generalitat da Catalunha?", perguntou Torra a cada um dele. "Sim, o prometo", responderam todos, entre fortes aplausos.

Junto a eles era possível ver uma cadeira vazia com um laço amarelo, em alusão aos políticos presos por seu papel na fracassada declaração de independência em outubro passado, ou os que foram para o exterior, como o ex-presidente Carles Puigdemont.

Fim do limbo político

A posse do novo executivo catão põe fim a quase sete meses sem governo em função da intervenção de Madri sobre a autonomia regional decretada em 27 de outubro, quando o parlamento catalão proclamou sem sucesso a independência.

Segundo a legislação resultante dessa imposição de controle regional, Madrid tinha que levantar esta tutela após a formação de um novo governo catalão.

Apesar de Quim Torra ter assumido o cargo em 17 de maio, ainda não contava com um executivo por sua intenção de nomear os ex-ministros de seu predecessor, Puigdemont, afastado por Madri e que continua se considerando como o "presidente legítimo".

Em 19 de maio, anunciou um governo com quatro conselheiros perseguidos judicialmente por sua participação na tentativa de separação, dois deles presos e outros dois atualmente na Bélgica.

O governo de Mariano Rajoy entendeu então como uma provocação a inclusão desses políticos e impediu a publicação do decreto, um trâmite indispensável para proceder à posse.

Depois de dez dias de bloqueio, na terça Quim Torra optou por nomear um novo executivo sem dirigentes envolvidos com a justiça, apesar de denunciar "uma decisão arbitrária e sem amparo legal" por parte de Rajoy.

Na sexta, Torra apresentou uma ação contra o agora destituído Rajoy por ter bloqueado a formação de seu primeiro.

A ação apresentada no Tribunal Supremo, órgão que investiga a cúpula do independentismo catalão por sua tentativa frustrada de secessão de outubro, se dirige contra Rajoy e sua vice-presidente Soraya Sáenz de Santamaría, acusados de "prevaricação".