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Relatório diz que 1,2 bilhão de crianças estão ameaçadas por pobreza, guerra e discriminação

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Mais da metade das crianças do mundo está ameaçada por pobreza, guerras e discriminação contra as mulheres - o que representa o impressionante número de 1,2 bilhão de pessoas. A constatação alarmante faz parte do relatório “As muitas faces da exclusão”, divulgado ontem pela organização britânica Save the Children. Amanhã será celebrado o Dia Internacional da Criança. 

O relatório, publicado pela primeira vez em 2017, classifica 175 países por uma pontuação atribuída a diversos fatores de risco: conflitos, violência extrema, índice de mortalidade infantil, taxa de gravidez na adolescência, casamento e trabalho infantil, desnutrição e evasão escolar. 

As pior nação no ranking, pelo segundo ano consecutivo, foi Níger. Oito dos 10 piores classificados ficam no oeste e centro da África. Os países menos ameaçados foram Cingapura e Eslovênia, em primeiro, seguidos por Noruega, Suécia e Finlândia. 

“A maior parte das crianças do mundo tem a infância e seu futuro roubados pois vivem na pobreza, crescendo em áreas de guerra ou sofrendo discriminação por serem meninas”, afirma Carolyn Miles, presidente da Save the Children. O Brasil ocupa o 93º lugar, ao lado do México. Em 95º, aparece o Peru, e em 92º está o Quirguistão. O país mais bem classificado da América Latina é o Chile, em 58º. A Argentina está em 73º. A nação latino-americana pior classificada é a Guatemala, em 152º.

De acordo com a Save the Children, mais de um bilhão de crianças vivem em nações afetadas pela pobreza; 240 milhões em países em guerra ou extremamente frágeis; e mais de 575 milhões em locais onde a discriminação de gênero é um problema grave. Além disso, quase 153 milhões de crianças moram em 20 países afetados pelos três problemas, entre eles Sudão do Sul (171º), Somália (170º), Iêmen (145º) e Afeganistão (160º). 

Desnutrição, doenças e atendimento médico inadequado causam 20 vezes mais mortes em áreas de conflito do que a violência provocada pela própria guerra. A incidência de trabalho infantil em países afetados por conflitos armados é 77% maior do que a média global. Além disso, as guerras tornam as meninas mais vulneráveis ao casamento precoce. E nos países pobres, as adolescentes têm uma taxa de gravidez três vezes maior do que em áreas ricas.

Apesar dos dados alarmantes, a situação geral melhorou. Dos 175 países, houve avanços em 95, ao passo que em 40 os números são piores. “Enquanto observamos progressos em muitos países, quando falamos de eventos disruptivos como casamento precoce, exclusão da educação e saúde precárias, não existe um progresso rápido o suficiente em relação às crianças mais vulneráveis”, completa Carolyn.

A Save the Children pede que os governos garantam a segurança, alimentação, educação e saúde das crianças. Segundo a organização, o fato de existirem países com níveis de renda parecidos, mas com resultados muito distintos, demonstra que políticas públicas,  financiamento e compromisso podem fazer a diferença. 

“Sem ações urgentes, nunca vamos atingir as promessas feitas há três anos nas Nações Unidas - como parte dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, de garantir até 2030 que toda criança esteja na escola, protegida, saudável e viva. Os governos podem e devem fazer mais para dar a toda criança o melhor começo de vida possível”, disse a presidente da organização.