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Casal francês é declarado culpado de matar babá em Londres

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Um casal francês foi declarado culpado, nesta quinta-feira (24), do assassinato de uma jovem conterrânea que cuidava de seus filhos em Londres, um caso que causou consternação no Reino Unido e na França.

Sabrina Kouider, de 35 anos, e Ouissem Medouni, de 40, torturaram Sophie Lionnet, de 21, antes de matá-la e, depois, tentaram se desfazer de seu corpo, queimando-o no jardim de sua casa no bairro de Wimbledon.

Kouider é estilista, e seu companheiro, um antigo analista financeiro.

A mulher chorou ao conhecer o veredicto, que o júri levou mais de uma semana para alcançar.

As penas serão anunciadas em 26 de junho.

Os pais de Sophie, Patrick Lionnet e Catherine Devallonné, assistiram à leitura do veredicto, ao fim do qual classificaram os réus de "monstros".

"Sophie cuidou dos filhos deles (...) Esses monstros a agrediram até a morte, a fizeram passar fome", disse Catherine à imprensa, acrescentando que a família está completamente arrasada com sua morte.

Em uma declaração, Patrick Lionnet afirmou que sua filha era seu "orgulho" e "alegria".

"Sabrina e Ouissem não apenas tiraram a vida de Sophie. Tiraram a minha, meu sonho, minha alegria de viver", acrescentou.

"O que Sabrina e Ouissem fizeram com minha filha excede toda compreensão. É imperdoável", desabafou o pai.

- Convencidos de que era espiã

O gatilho do assassinato foi que Sabrina estava convencida de que a babá era uma espiã a serviço de seu ex-companheiro Mark Walton, ex-membro do grupo de música irlandês Boyzone, com quem tem um filho.

Os réus se acusaram mutuamente da morte de Sophie, que viveu um calvário antes de morrer, conforme relatos no julgamento.

Em 20 de setembro de 2017, os bombeiros se aproximaram do jardim da família, no sudoeste de Londres, alertados por um morador que informou sobre uma fumaça preta e um cheiro horrível, e viram Medouni queimando o cadáver.

Ele lhes disse, então, tranquilamente, que estava cozinhando um cordeiro.

"Por que você está queimando um corpo?", perguntou o bombeiro Thomas Hunt, após ver dedos e um nariz, como ele mesmo contou no tribunal. "É um cordeiro", respondeu Ouissem Medouni, que parecia calmo - acrescentou Hunt.

A Procuradoria celebrou o veredicto.

"Apenas Kouider e Medouni sabem exatamente como mataram Sophie, mas a Procuradoria buscou provar que morreu como resultado de uma violência contínua e decidida, e não por acidente", disse a procuradora Aisling Hossein.

O caso expôs a vulnerabilidade das babás ("au pair"), geralmente mulheres jovens que, no caso do Reino Unido, vão ao país aprender inglês, enquanto cuidam de crianças em troca de comida e de um quarto. Muitas vezes, acabam sendo transformadas em criadas, suscetíveis de abusos.

Sophie Lionnet já havia manifestado para sua mãe o desejo de voltar para a França um ano antes de ser assassinada.

"Se tivesse dinheiro para comprar uma passagem e tomar um táxi, já teria feito isso", disse-lhe em uma mensagem.

pau-al/acc/tt