ASSINE
search button

Confira as manifestações do 1º de maio pelo mundo

Compartilhar

Do Brasil à França, de Cuba à Turquia, confira as principais manifestações deste 1º de maio, Dia do Trabalhador, ao redor do mundo:

Sindicatos unidos por Lula

Uns 2.000 membros de sindicatos e movimentos de esquerda se manifestaram perto da Superintendência da Polícia Federal, em Curitiba, onde o ex-presidente Lula cumpre pena de 12 anos e um mês por corrupção, coincidindo com o Dia do Trabalhador.

A multidão, pela primeira vez convocada de forma unificada pela Central Única dos Trabalhadores (CUT) junto com outras agremiações, se deslocou de várias partes do país até a capital do Paraná para comemorar a data e pedir liberdade ao ícone da esquerda latino-americana, que se mantém na liderança das pesquisas de intenção de voto para as eleições de outubro apesar de estar atrás das grades.

"Esse é o primeiro 1º de maio dos últimos 50 anos em que ele [Lula] não está presente. Isso não é uma coisa qualquer. De certa maneira, cada um de nós que está aqui está fazendo um esforço grande para fazer aquilo que o Lula pediu: representar a voz dele, representar a presença dele", disse o deputado federal Paulo Pimenta (PT/RS).

Apoio a Maduro, apesar da crise

"O dinheiro não dá para nada", lamenta Carlos Sánchez, de 34 anos, durante marcha chavista pelo Dia do Trabalhador, em Caracas. Mensageiro do Ministério da Defesa, ele sofre na própria carne com a profunda crise que abala a Venezuela, mas promete fidelidade ao presidente Nicolás Maduro para vencer o que chama de "guerra econômica".

"Me deem 10 milhões de votos e eu ponho ganchos às máfias econômicas!", clamou nesta terça-feira (1) Maduro, candidato à reeleição no pleito de 20 de maio, dirigindo-se a milhares de simpatizantes, que chegaram ao Palácio de Miraflores com cartazes em apoio ao chefe de Estado socialista e seu falecido antecessor, Hugo Chávez.

Entre eles está Sánchez, que caminhava vestido de vermelho - que identifica o chavismo - em marcha pela avenida Urdaneta, no centro de Caracas, de mãos dadas com o filho de três anos.

Carlos é consciente de que o novo aumento salarial, anunciado por Maduro pelo Dia do Trabalhador, e elevou o rendimento mínimo mensal a 2,5 milhões de bolívares (pouco mais de 3 dólares no mercado negro), será diluído rapidamente pelo aumento descontrolado do custo de vida.

No entanto, ele isenta Maduro. "O que eu peço é que, por fim, ele acerte um golpe na guerra econômica", declarou à AFO.

Economistas atribuem o colapso econômico no país, com hiperinflação estimada em 13.800% pelo FMI em 2018 e escassez de alimentos básicos e remédios, a políticas governamentais erráticas e à deterioração da estatal do petróleo PDVSA, com uma produção em queda livre.

Críticas ao governo na Argentina

Refeições coletivas, ruas interditadas e cânticos contra o governo de Maurício Macri deram o tom das mobilizações das que participaram milhares de manifestantes na capital argentina neste Dia do Trabalhador.

Partidos de esquerda, organizações sindicais e de setores mais empobrecidos fizeram atos comemorativos separados, porém todos unidos por críticas ao governo.

O mesmo se absteve de fazer qualquer comemoração. O presidente Macri enviou uma saudação através das redes sociais, na qual desejou "feliz dia" aos trabalhadores.

Organizações de pobres e desempregados marcharam pela avenida 9 de Julho, no centro da capital, onde instalaram dezenas de caldeirões para alimentar os manifestantes.

A Confederação Geral do Trabalho (CGT) celebrou um ato próprio em sua sede em Buenos Aires, da qual participou a ex-presidente Dilma Rousseff, como parte de suas atividades na cidade pela libertação de Lula, preso em Curitiba condenado por corrupção e lavagem de dinheiro.

Partidos de esquerda marcharam rumo à Praça de Maio, onde repetiram palavras de ordem contra o governo.

As marchas foram marcadas por queixas contra as novas altas nas tarifas dos serviços públicos, que desde que Macri assumiu, em dezembro de 2015, aumentaram mais de 1.000% em alguns casos.

Chilenos pedem respeito

Milhares de trabalhadores chilenos participaram de manifestações nas quais expressaram o desejo de estabelecer um diálogo "sério e respeitoso" com o presidente Sebastián Piñera, durante a celebração do Dia Internacional do Trabalho.

A Central Única de Trabalhadores (CUT), que reúne a maioria dos sindicatos chilenos, encabeçou a manifestação celebrada na Alameda, a principal avenida de Santiago, com cartazes, lenços e tambores, na qual reivindicaram "tratamento digno e salário justo", nas palavras de Bárbara Figueroa, presidente da CUT.

Figueroa também pediu que Piñera - que assumiu o cargo em março - evite um "diálogo doméstico" e que as reivindicações dos trabalhadores "não sejam relegadas a uma caixa de lembranças".

A manifestação transcorreu sem incidentes e teve a participação de dez mil pessoas, segundo o governo da capital chilena.

Outros dois mil trabalhadores se reuniram em uma passeata paralela, convocada pela Central Classista de Trabalhadores (CCTT), na qual ocorreram alguns incidentes isolados, que deixaram 43 detidos - 37 adultos e 6 menores - "por distúrbios e danos a estabelecimentos comerciais", informou a administração de Santiago.

O presidente Piñera anunciou durante o dia uma série de medidas em benefício dos trabalhadores, como implementar um programa universal de creches, facilitar o acesso ao trabalho para mulheres, jovens, pessoas com deficiência e idosos, além de melhorar a capacitação e a segurança no trabalho.

Confrontos violentos em Paris

Violentos confrontos entre a Polícia e pessoas encapuzadas estouraram à margem da marcha do 1º de maio nesta terça-feira, em Paris, constataram jornalistas da AFP, enquanto dezenas de milhares de pessoas se manifestaram pacificamente em grandes cidades da França.

Cerca de 200 ativistas "blacks blocs", grupos radicais de extrema esquerda, foram detidos, segundo um balanço provisório da prefeitura policial, que chegou a advertir para os riscos de desordem pública de parte de "grupos extremistas" que queriam fazer deste dia "um grande evento revolucionário".

Em Paris, a manifestação sindical atraiu 20.000 pessoas, segundo a Polícia. De acordo com o sindicato CGT, 55.000 pessoas participaram da manifestação parisiense e 210.000 em toda a França. O ministério do Interior calculou em 143.500 o número de manifestantes no país.

Díaz-Canel e Raúl Castro lideram cubanos

O recém-empossado presidente cubano, Miguel Díaz-Canel, e seu antecessor, Raúl Castro, receberam o apoio dos participantes do desfile de 1º de maio, que convocou centenas de milhares de pessoas em Havana.

"Muitas razões e argumentos nos chegam para transformar este primeiro de maio em uma demonstração de apoio à nossa revolução", disse o secretário-geral da Central de Trabalhadores de Cuba (CTC, única), Ulises Guilarte, orador da atividade.

A reunião permitiu apoiar "o primeiro secretário do Partido, companheiro Raúl, à continuidade da nossa revolução, no estado e no governo, presidido pelo companheiro Díaz-Canel", acrescentou.

Esta foi a primeira aparição de Raúl Castro e Miguel Díaz-Canel juntos desde que este último foi nomeado presidente do país em 19 de abril.

Em seis décadas de governo dos irmãos Castro, Díaz-Canel, de 58 anos, é o primeiro presidente nascido após a revolução e que não traz nos ombros divisas militares. O próprio Raúl confessou que foi preparado para esta tarefa.

"Penso que foram muito sábios na hora de se decidirem por Díaz-Canel como presidente dos Conselhos de Estado e de Ministros", disse o veterinário Normando García, de 62 anos, em meio ao desfile. "Chefiei a juventude comunista com Díaz-Canel (...) É um baluarte importante da revolução", acrescentou.

Passeatas também tomaram as ruas das capitais das províncias e principais cidades da ilha. A CTC estimou a participação nas marchas desta terça-feira em seis milhões de pessoas de uma população de 11,2 milhões. A marcha de Havana terminou em um mar de bandeiras e com os participantes cantando o hino comunista da Internacional. Em seguida, o som da conga pôs todo mundo para dançar - em Cuba não podia ser diferente.

Repressão em Istambul

A polícia turca deteve nesta terça-feira 84 pessoas em Istambul, em uma operação com grande reforço da segurança, enquanto a oposição insistiu em realizar sua manifestação por ocasião do 1º de maio, à qual assistiram milhares de pessoas.

Nos últimos anos, o dia comemorativo foi marcado por enfrentamentos entre manifestantes e policiais, mas as forças de ordem evitam o acesso aos principais locais de concentração em Istambul, isolando grande parte do centro da cidade.

Segundo a agência Anadolu, foram mobilizados 26.000 policiais na capital, com três helicópteros, 85 caminhões com jatos d'água e 67 veículos blindados.

A Turquia vive dias de forte tensão política, enquanto se aproxima a data das eleições parlamentares e presidenciais antecipadas, convocadas pelo presidente Recep Tayyip Erdogan para 24 de junho. Erdogan conta em se reeleger para um segundo mandato e obter maioria parlamentar.

Filipinos nas ruas contra presidente

Milhares de trabalhadores marcharam pelas ruas de Manila, queimando bonecos com a imagem do presidente Rodrigo Duterte e entoando palavras de ordem contra sua política econômica.

Agitando bandeiras vermelhas, os manifestantes condenaram o presidente por descumprir promessas de campanha com relação aos contratos trabalhistas precários.

"Fomos enganados", denunciou o Partido dos Trabalhadores em um comunicado. Segundo a polícia, 5.500 pessoas participaram pacificamente das marchas.

bur/glr/fjb/pb/mvv