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Parlamentares da UE alertam para ação 'militar' contra Lula

Segunda maior bancada do bloco denunciou "processo político"

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A Aliança Progressista dos Socialistas e Democratas (S&D), grupo que detém a segunda maior bancada do Parlamento Europeu, divulgou nesta quarta-feira (4) um comunicado expressando preocupação com os "rumores sobre uma interferência militar" no Brasil.

A nota é assinada pelo presidente do S&D, o alemão Udo Bullmann, e chega após as declarações do comandante do Exército, general Eduardo Villas Bôas, nas quais ele disse compartilhar "o anseio de todos os cidadãos de bem de repúdio à impunidade e de respeito à Constituição, à paz social e à democracia".

O posicionamento foi interpretado como uma forma de pressão sobre o Supremo Tribunal Federal (STF), que julga um habeas corpus apresentado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para evitar sua prisão pela condenação em segunda instância a 12 anos e um mês de cadeia.

"Tem sido um processo bastante controverso. Estamos preocupados com a possibilidade de politização do sistema judiciário do Brasil e os rumores sobre uma interferência militar", afirma a nota do S&D.

Segundo o grupo social-democrata, é "crucial" garantir que a aplicação da lei no país seja "clara, transparente e capaz de garantir ao povo brasileiro o direito de fazer suas próprias escolhas democráticas, sem quaisquer restrições inconstitucionais".

Lula pretende concorrer ao cargo de presidente da República em 2018, mas deve ser impedido pela Lei da Ficha Limpa, que proíbe a candidatura de condenados por órgãos colegiados.

"Lula foi um presidente muito bom para o Brasil. Seus programas sociais beneficiaram dezenas de milhões de brasileiros, e por isso ele é tão popular. Ele lutou de forma decisiva contra a fome, a pobreza e a discriminação e reduziu a grande desigualdade social. Essa luta tem de continuar. Estamos muito preocupados que uma alternativa progressista possa ser excluída do processo democrático", conclui o comunicado.

O S&D possui 189 dos 751 deputados do Parlamento da UE e reúne as principais legendas de centro-esquerda do bloco, como o Partido Democrático (Itália), o Partido Social-Democrata (Alemanha), o Partido Socialista (França), o Partido Trabalhista (Reino Unido) e o Partido Socialista Operário Espanhol.

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