ASSINE
search button

Eleição de novo presidente catalão é momentaneamente bloqueada

Compartilhar

A posse do independentista Jordi Turull como presidente catalão ficou bloqueada momentaneamente ao negarem, nesta quinta-feira (22), seu apoio a um pequeno partido separatista de extrema esquerda, prolongando a incerteza política nesta região.

"A CUP mantém as quatro abstenções à posse de Jordi Turull", anunciou esta formação anticapitalista em comunicado pouco antes de começar o debate de posse no Parlamento catalão, dominado pelos independentistas.

Com esta decisão, Turull, ex-porta-voz do governo de Carles Puigdemont, não reunirá a maioria absoluta necessária para ser empossado na primeira votação desta quinta-feira.

Assim, a Câmara deverá realizar uma segunda votação em dois dias que pode ser vencida com maioria simples, embora para alcançá-la o candidato deva somar duas cadeiras a mais das que tem garantidas por enquanto.

Mas é incerto se Turull poderá comparecer a esta segunda votação, pois na sexta-feira está convocado junto com outras cinco figuras do independentismo ante um juiz do Tribunal Supremo que instrui a causa por rebelião, sedição e malversação pela tentativa de secessão unilateral do ano passado.

Após a audiência, Turull, um separatista conservador de 51 anos, pode voltar à prisão depois de passar um mês na cadeia no final de 2017. 

Talvez, por conta desta citação, Turull sequer tenha mencionado as palavras "independência" ou "república" em seu discurso, apesar de a CUP ter exigido um maior compromisso com o processo de secessão para oferecer seu apoio.

Ao contrário, pediu diálogo com o governo espanhol de Mariano Rajoy. "Pedimos para nos sentarmos à mesa para resolver politicamente os problemas", disse.

Em todo caso, esta sessão ativará uma contagem regressiva de dois meses para formar um governo na região antes de dissolver a Câmara e convocar novas eleições.

A sessão foi convocada em poucas horas e de surpresa pelo presidente do Parlamento regional, o independentista Roger Torrent, ante a "ingerência" judicial que, em sua opinião, supunha a convocação do Supremo.

Se conseguissem empossar Turull, este seria apresentado ao juiz como o novo presidente regional e sua hipotética prisão tomaria uma nova dimensão.

O governo espanhol, através do ministro da Justiça, Rafael Catalá, acusou os separatistas de buscarem "um confronto com o Estado de direito". 

Escolher um candidato com problemas judiciais "mostra que não há vontade real de encontrar soluções para o futuro, mas de continuar manchando o terreno", declarou à rádio Onda Cero. 

Turull é o terceiro candidato promovido pelos independentistas. O primeiro foi Puigdemont, que renunciou, e o segundo foi o ativista preso desde meados de outubro, Jordi Sánchez, que não foi liberado da prisão para ser empossado.