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Presidente do Peru apresenta renúncia

Pedro Pablo Kuczynski renunciou após escândalo político envolvendo Odebrecht

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O chefe de Estado peruano, Pedro Pablo Kuczynski, renunciou nesta quarta-feira (21) à Presidência do Peru, na véspera da votação prevista pelo Congresso de uma moção para destituí-lo, em uma mensagem à nação pela televisão.

"Frente a essa difícil situação que se gerou (...) acho que o melhor para o país é que eu renuncie à presidência da república", disse Kuczynski perante as câmaras às 14h40 locais (16h40 em Brasília), acompanhado dos membros de seu gabinete ministerial. 

De acordo com o jornal "La Republica", a decisão foi tomada depois de uma reunião entre o mandatário e seus ministros realizada nesta manhã. Com a renúncia, o primeiro vice-presidente é quem deve assumir à Presidência do Peru. 

A pressão pela saída de Kuczynski aumentou nesta quarta-feira, após vários de seus aliados terem sido gravados em vídeos supostamente tentando comprar votos no Congresso para evitar sua destituição. 

Até mesmo legisladores governistas, como Salvador Heresi, pediram que ele "renuncie pensando primeiro no Peru", ameaçando votar a favor da destituição, casso Kuczynski não se afaste. "O que vimos nos vídeos divulgados ontem é vergonhoso", afirmou Heresi em sua conta no Twitter.

Em um dos vídeos vazados, é possível ver o funcionário do governo Freddy Aragón explicando ao legislador oposicionista Moisés Mamani, da Força Popular, que ele pode ganhar muito dinheiro em projetos de infraestrutura, caso fique ao lado dos governistas. 

Em outro vídeo, Kenji Fujimori, irmão de Keiko e aliado do governo após o indulto que Kuczynski concedeu ao pai dele, Alberto Fujimori, comentou com Mamani que aqueles que votaram pela destituição "tiveram as portas fechadas", em referência à fracassada tentativa anterior de destituir o líder, em dezembro.

O presidente já havia sido alvo de uma tentativa de impeachment em dezembro passado, quando se livrou por apenas oito votos. Um dos que se abstiveram da votação, contribuindo para a manutenção de Kuczynski no poder, foi Kenji.

Condenado a 25 anos de prisão por violações dos direitos humanos, corrupção e apoio a esquadrões da morte, Fujimori recebeu um indulto "humanitário" de Kuczynski poucos dias depois da derrota do pedido de impeachment no Congresso.

Eleito em 2016, Kuczynski é acusado de ter recebido propina da Odebrecht por meio de empresas de consultoria. A própria empreiteira brasileira disse que desembolsara US$ 4,8 milhões a duas firmas vinculadas ao mandatário peruano, entre 2004 e 2013.

Quando os pagamentos começaram, Kuczynski era ministro de Finanças do Peru. Inicialmente, o presidente negou ter recebido dinheiro da Odebrecht, mas depois ele mudou o discurso, alegando que havia trabalhado legalmente como assessor. Além disso, garante não ter exercido funções na Westfield Capital, uma das empresas envolvidas no escândalo, quando ocupava cargos públicos.

O esquema de propinas da Odebrecht atingiu diversas nações da América Latina, da Argentina ao México, passando por Brasil, Colômbia, Equador e Panamá, entre outros. 

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*com ANSA e Estadão Conteúdo